domingo, 3 de abril de 2016

Mercado imobiliário: tem crise, Sergipe?

Por Tainah Quintela

Sempre existe aquela música que ouvimos pela primeira vez e não suportamos. “O santo não bate”. Mas de tanto ouvir (na rádio, na rua, nas festas, no trânsito, na vida), a melodia passa a soar doce em nossos ouvidos. Parece que “faz parte”. A crise é assim. Em Sergipe, não tem sido diferente. De tanto se falar em crise (na rádio, na rua, nas festas, no trânsito, na vida), sentimos que ela existe sim. E no mercado de imóveis daqui, ela chegou? Não dá para negar que aquele boom imobiliário já não estronda mais. Entre corretores, empresários, construtores e outros profissionais do setor, muito se ouve que “está difícil”. Sim, o ritmo de vendas desacelerou. As instituições financeiras têm suas taxas e regras de financiamento bem assentadas numa roda gigante. Ora sobem, ora descem. E é nesse cenário de estagnação que surge espaço para um show de ofertas. Construtoras têm apostado em descontos especiais. Ganha o cliente, realizando um sonho; ganha a empresa, escapando de um prejuízo. Afinal, quem quer na sua conta produtos encostados na prateleira?
Para o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Sergipe (Creci-SE) e Diretor Secretário do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (COFECI), Sérgio Sobral, não é possível dizer que o mercado imobiliário em Sergipe conta com um grande estoque de imóveis não vendidos. Ele cita como exemplo o sucesso dos feirões de imóveis da ADEMI/SE e da CAIXA, ambos realizados no ano passado. E mais: atribui esse resultado às construtoras, incorporadoras e imobiliárias que são, em sua maioria, do próprio Estado. Além disso, essas empresas são de pequeno e médio porte e, segundo ele, já se adaptaram ao mercado local, com foco na venda de imóveis de até R$ 400 mil. “Podemos afirmar que o saldo de imóveis não faz parte de nossa realidade. O que acontece é que as vendas hoje não estão na mesma velocidade que estavam há dois, três anos. O mercado imobiliário está se estabilizando, são ciclos que acontecem no ramo imobiliário”, pontua o presidente.
O mercado imobiliário sergipano, bem como os demais do país, é analisado bimestralmente pelos presidentes dos CRECIs. A última análise, feita no final de fevereiro, rendeu uma informação pra lá de interessante: Sergipe está entre os três estados com mais vendas de imóveis, tanto no que diz respeito a lançamentos quanto de terceiros. Segundo Sobral, os imóveis de terceiros, inclusive, já ultrapassaram 52% das vendas no mercado brasileiro, conforme estudo nacional feito pelo SECOVI/SP. Mas afinal, em meio à crise (olha ela de novo!), por que os imóveis novos não ficaram estocados aqui em Sergipe? “Porque aqui nós temos uma classe média muito forte e as construtoras, incorporadoras e imobiliárias se adaptaram à cultura local. As classes C e D, cujo déficit habitacional já chegou a 82%, são as que mais compram imóveis, por exemplo, e essas empresas já detectaram isso. Somado a esses fatores, Aracaju é uma das duas capitais brasileiras que mais cresceram. Muita gente do Sul, de outras regiões e até mesmo de outros países vêm comprar, investir por aqui. Entre outros fatores, isso acontece em virtude da qualidade de vida que a cidade oferece, do clima favorável, das praias nativas, da mão de obra especializada e da hospitalidade das pessoas”, justifica o presidente do Creci-SE.
Um fato: as vendas de imóveis não estão na mesma velocidade de alguns anos atrás. Quer gostemos ou não da música que toca, o Brasil passa sim por dificuldades econômicas nos dias atuais, mas o que vemos é um mercado imobiliário se estabilizando. Os corretores de imóveis aqui certamente tem vivenciado uma correria tanto quanto os profissionais dos demais estados para garantir que os negócios continuem sendo fechados com ou sem crise. Muitos têm aproveitado para investir em aprimoramento profissional, como é o caso daqueles que aproveitaram a oportunidade de curso gratuito de Avaliação de Imóveis recentemente, promovido pelo Creci-SE. Ok, ok. Descontos, aprimoramento profissional... O que mais pode ser feito para que a economia sergipana não sofra tanto com a crise? Com o alto índice de demissões e o consequente endividamento daqueles que seriam ótimos clientes, algo precisa ser feito, certo? Há anos, o Sistema Cofeci-Creci vem apostando na busca por parcerias e investidores internacionais, divulgando as oportunidades que o país oferece. Entre os dias 15 e 18 de março, representantes de diversos CRECIs participaram da 26ª edição do MIPIM, o maior evento de investidores do mercado imobiliário, que aconteceu na França. Sobral representou Sergipe.
“O MIPIM é como uma escola. Nós participamos para aprender como está funcionando o mercado imobiliário mundial. Foram apresentados diversos projetos de desenvolvimento emplacados por empresas influentes de todo o mundo. Tudo isso é conhecimento, contato. Estamos fazendo um trabalho intenso para angariar investidores para o Brasil. A região Nordeste, que é a ‘bola da vez’, atrai a atenção de muitos empresários, afinal é uma região que conta com sol o ano todo, mão de obra farta, praias nativas e muitos outros fatores que favorecem os negócios”, frisou o presidente do Creci-SE, acrescentando que estiveram presentes 90 nacionalidades no evento.


Resumindo, a crise existe sim, mas independente dela, existem também alternativas. O mercado sergipano resiste. Ou melhor, os profissionais sergipanos resistem, seja através de descontos, seja através da busca por parcerias. Como disse o corretor de imóveis e palestrante Guilherme Machadoem seu portal, é nesse cenário mesmo de inflação e recessão econômica em situação delicada que entram em cena os profissionais que ousam desafiar o status quo e ser um desvio do padrão. De fato podemos acreditar que temos, especialmente em Sergipe, ótimas oportunidades de negociação. 

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Estresse e Depressão no Meio Acadêmico

Por Aline Souza

Para alguns, os problemas na universidade começam antes mesmo de estar nela. A tensão de passar no vestibular, de não “fracassar”, de agradar aos pais e à família, muitas vezes pode gerar uma cobrança excessiva em torno de si, levando o indivíduo a desenvolver um quadro de estresse crônico que, em alguns casos, pode chegar à depressão.

Preocupado em passar no vestibular e receoso quanto à educação que recebeu, ele passou a estudar a maior parte do tempo; quando não estava no curso pré-vestibular, estudava em casa, quase que ininterruptamente, já que não tinha nenhuma outra ocupação, além dos estudos. “Ele estudava muito, muito mesmo. Não tinha horário para descanso nem para o lazer. Então, ele começou a ficar mais afobado, falando coisas sem nexo e completamente sem noção de espaço. Só após meses notamos esse comportamento nele, um comportamento que só foi se agravando. No decorrer de uma semana, já com esse quadro de comportamentos estranhos, ele surtou”, conta Karla Santos, 24, técnica de enfermagem, a experiência vivida por um amigo de infância.

Segundo Karla, os sintomas apresentados após o surto eram relatos de perseguição e de ilusão: “Ele dizia que tinha um helicóptero que vinha buscá-lo. Você tá ouvindo um barulho de helicóptero? Tá descendo! Ele falava que tinha pessoas olhando pra ele, quando na verdade, só havia conhecidos e amigos. Certa vez ele estava comigo em casa e começou a falar de várias coisas ao mesmo tempo, de política, de religião, tudo sem o menor sentido. Às vezes a gente levava na brincadeira, querendo acreditar que era brincadeira, porque ele sempre foi muito brincalhão, mas nós sabíamos que ele estava doente. Só que é muito difícil pra um amigo chegar a uma mãe e dizer: olhe, seu filho está assim, assim... a gente não tinha essa coragem”.

            Quando a família veio perceber, ele já estava desesperado, não tinha mais controle. “Saía correndo de casa, parava o trânsito, correndo o risco de ser atropelado, sem saber onde estava. Foi aí que a mãe decidiu interná-lo”. Segundo a amiga, ele ficou internado por uma semana, tomando medicamentos controlados e foi diagnosticado com esquizofrenia. Muito embora ele não tenha nenhum histórico de igual natureza ou algo parecido.

            Agora, já passado esse transtorno, ele conseguiu seus objetivos, passou em dois vestibulares e dois concursos. Vive como uma pessoa normal com a medicação, sem a medicação ele corre o risco de surtar novamente. “Hoje ele está trabalhando em um dos concursos que passou e está no quarto período de Direito. Tem uma vida social, trabalha, estuda, viaja, se diverte. E de lá pra cá, nunca teve uma recaída. Ele se preserva muito, não se expõe a situações de muita tensão, que lhe possa apresentar riscos. A família e nós amigos temos toda essa preocupação, mas sem que ele perceba, pra não parecer uma superproteção. A gente quer que ele se torne uma pessoa ainda mais independente. Que ele perceba que aquela doença não tirou sua independência. E ele não deixou de ter os seus amigos”, concluiu Karla.

Em um estudo intitulado “Estresse e estressores na pós-graduação: estudo com mestrandos e doutorandos no Brasil”, realizado por André Faro, professor do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Sergipe, o estresse é definido como um fenômeno psicossocial com repercussão biológica, que ocorre quando há a percepção de ameaça real ou imaginada, avaliada como capaz de alterar o estado de bem-estar subjetivo, provocando sensações de mal-estar, sofrimento e/ou desconforto transitório ou persistente. Ainda de acordo com o professor, além de impactar negativamente a saúde, o estresse prejudica o desempenho do estudante e pode levar ao desestímulo em relação à carreira acadêmica.

Foi o que aconteceu com um aluno de 22 anos da UFS, que prefere não se identificar. Para ele o estresse e desconforto foram provocados desde que percebeu que não “se encontrava” no curso. Para ele, de modo geral, as pessoas passam no vestibular sem saber como vai ser o curso, mas à medida que o tempo vai passando, os alunos vão se identificando e quando isso não acontece, tem coragem para assumir. No seu caso, ele relata que não possuía expectativas em relação ao curso e que no primeiro período se sentia muito bem. Porém, a partir do segundo período, quando começaram as disciplinas práticas, elas o incomodavam de algum modo, justamente por ele ter que lidar com a instabilidade que essas disciplinas representavam. "Foi a partir do segundo período que comecei a perceber que não me encaixava no curso, pelo menos numa parte dele. Mas não tive coragem de assumir, de trancar o curso, por exemplo, e repensar no que de fato queria. Encontrei no trabalho minha válvula de escape. Tranquei assim, as disciplinas práticas, usei o trabalho como desculpa. Eu sabia que do jeito que eu estava e como me sentia, essas disciplinas não iriam me fazer bem”, relata.

Embora se sentisse angustiado, ele continuou no curso. Até que chegou o momento de fazer o TCC e todas essas questões vieram à tona de uma só vez. Diante disso, ele chegou a desistir, mas voltou atrás em sua decisão. Agora segue fazendo o TCC e não pensa mais em desistir.

Segundo André Faro, alguns fatores que contribuem para um possível quadro de estresse e depressão é a cobrança excessiva, paralelamente com o aumento no nível de exigências em relação ao aluno e o baixo senso de autoeficácia.  O estudante está sempre na busca do bom desempenho, por ser cobrado constantemente, seja pelos professores ou colegas em sala de aula, seja pela cobrança que faz sobre si mesmo. Para Faro, a percepção de eficácia depende do quanto ele se acha capaz de realizar aquilo que ele pretende. “Muitas das vezes a dificuldade de adaptação é por ter uma visão discrepante da realidade. Por exemplo, há muita exigência por meio de leitura, talvez o nível e limite que essa pessoa tem, às vezes são muito baixos. Não é que seja excesso de exigência, mas às vezes, o nível de adaptação é muito frágil, que qualquer coisa ultrapassa ele”.

Para o psicólogo, a universidade é um meio favorável por lidar, em geral com indivíduo em fase de transição, onde eles saem, mais claramente, da adolescência para idade adulta. Em alguns casos, muitos deles ainda têm um comportamento infantil até entrar na universidade onde passam por um amadurecimento constante. “Até o ano passado muitos deles ainda estava estudando sete dias por semana, o dia todo em pré - vestibular e de repente cai na universidade, saindo de um universo quase infantil para um universo adulto. É um contexto que sobrecarrega”. Chegando à universidade o estudante tem de lidar quase sempre com conteúdos e situações nunca vivenciadas. Alguns simplesmente não conseguem desenvolver algumas competências e por diversas vezes acabam se frustrando. “O meio acadêmico não exige de você somente os conhecimentos específicos bem desenvolvidos, mas dentro da universidade se desafia mais a habilidade sócio emocional dos alunos; regulação emocional, capacidade de manter relacionamentos saudáveis e produtivos. Então, muitos não desenvolveram essas competências ao longo da vida e na universidade isso se torna mais evidente”.  

Ainda de acordo com Faro, rebaixamento do humor, choro fácil, isolamento social e agressividade são alguns dos sinais que antecedem a depressão. Mas, ele adverte que é necessário um diagnóstico clínico para que esses sintomas sejam categorizados como um quadro de depressão. “Nós temos a tríade da depressão, que envolve o baixo senso de autoeficácia, a falta de perspectiva em relação a si, os outros e ao próprio futuro”. O meio acadêmico é permeado por muita vaidade o que pode inibir o indivíduo a procurar ajuda, pois isso pode ser interpretado como um sinal de fraqueza. Ou, em alguns casos, a própria instituição não tem uma estrutura que acolha aqueles que precisam desse tipo de atendimento. “Na UFS tem esse serviço no Núcleo de atendimento que é coordenado por um psicólogo, mas poucos sabem que temos esse serviço aqui”, acrescenta André.

Estresse na Pós-Graduação

Um estudo feito por André Faro, sobre estresse e estressores na pós- graduação teve sua maioria, composta pelo sexo feminino, o que salienta o crescimento no número de mulheres tituladas no Brasil. O estudo revela que os pós-graduandos não possuíam filhos, embora mantivessem relacionamentos conjugais estáveis e possuíam uma média de 28 anos. A maioria dos participantes do Sul e Sudeste exibiu uma média de 29,1 de estresse, um valor acima do esperado, numa escala que vai de 28 a 56.  O valor de 29,1 se situa no estrato médio da escala, mas, bem próximo ao estrato considerado alto (entre 31 e 36 pontos).  As mulheres exibiram maior estresse em comparação aos homens, o que pode ser incrementado pela sobreposição de outras demandas sociais que são designadas às mulheres, que, por fim, tendem a sobrecarregar sua capacidade adaptativa. A relação vista para a renda foi que quanto menor, maior o índice de estresse.

         O estudo contou com 2.157 pós-graduandos no Brasil, entre mestrandos e doutorandos de 66 instituições, de mais de 100 programas de pós-graduação, com exceção de participantes do Piauí e Roraima. Foram 39 vinculados a universidades federais, 15 estaduais, 9 privadas e 3 institutos de pesquisa. Contou-se com representantes de todas as áreas do conhecimento da CAPES (Ciências Agrárias, Biológicas, da Saúde, Exatas e da Terra, Humanas, Sociais Aplicadas, Engenharias, e Linguística, Letras e Artes).

Ainda não se tem dados da quantidade de casos, mas nota-se uma maior visibilidade do assunto. Hoje já se tem um estudo com diagnóstico. Segundo Faro, a atenção ao assunto ainda é pouca, carece de pesquisa-diagnóstico, bem como do acompanhamento dessas pessoas. Mesmo sendo diagnosticado, pouco se acompanha. Faltam pesquisadores da temática. “Não tem tantos pesquisadores qualificados quanto se imagina. Muito se fala, mas pouco se pesquisa, efetivamente. Só é possível desenvolver um trabalho preventivo ou paliativo se tivéssemos a ideia da incidência. São pesquisas relativamente baratas, mas que demandam recursos” conclui o pesquisador. 

quarta-feira, 23 de março de 2016

Não poderia ser melhor!


Antonio Aragão

Com um grande sorriso no rosto Walter Thiessen o técnico da Agitação/UNIT, assim falou ao descer do pódio com o troféu de campeão geral do Campeonato Sergipano de Natação: “estamos começando o ano da melhor maneira possível, vencemos a disputa do título maior do evento e ainda vimos a imensa maioria dos nossos atletas baixarem suas marcas pessoais e vimos que realmente estamos no caminho certo.



Depois de 76 provas realizadas em dois dias de competições nas águas do parque aquático Zé Peixe a natação sergipana mostrou que vai bem, obrigado! 160 atletas de cinco clubes sergipanos e uma atleta baiana fizeram bonito e mostraram um alto nível técnico e o espírito olímpico prevaleceu entre os adversários.
- Já nado desde os nove anos de idade e aqui na piscina eu só fiz amigos, mesmo as meninas com quem eu disputo medalhas. E esse clima é bom, porque fico mais tranquila e consigo nada mais rápido”, assim falou Paloma Marti, atleta de 14 anos e que está se preparando para o brasileiro infantil que acontecerá em Aracaju no período de 7 a 10 de dezembro.
 Segundo Antonio Aragão presidente da FASE, Sergipe ganhou a sede do brasileiro de natação infantil e expectativa é que mais de 700 atletas de todos os estados do Brasil nadem no parque aquático Zé Peixe e isso vai ajudar a desenvolver ainda mais a natação do Estado.
Resultados:
Troféu Antonio Aragão:
Campeão – Agitação/UNIT
2º Lugar – Master
3º Lugar – NAD’ART
Troféu Tatiana Castro:
Campeão – Agitação/UNIT
2º Lugar – Master
3º Lugar – NAD’ART
Troféu Carlos Hamilton:
Campeão – Agitação/UNIT
2º Lugar – NAD’ART
3º Lugar – Master
Troféu Carlos Rodrigues:
Campeão – Agitação/UNIT
2º Lugar – Salesiano
3º Lugar – NAD’ART

Veja mais:







Pontapé inicial na temporada 2016 da natação


Antonio Aragão


A Federação Aquática de Sergipe – FASE, com apoio do governo de Sergipe, Correios e OIGRES corretora de seguros abre nesse fim de semana 5 e 6, a temporada da natação sergipana 2016. Em ano de Jogos Olímpicos os esportes amadores no Brasil vivem um ambiente diferente e aqui em Sergipe não poderia ser de outra maneira e a expectativa de toda a comunidade aquática é a melhor possível.
O presidente da FASE, professor Antonio Aragão falou desse momento único na história do esporte brasileiro: “o sonho de atletas e demais pessoas envolvidas com o esporte é a participação nas Olimpíadas, esse ano ela acontece no Rio de Janeiro e isso aproxima o sonho da realidade”.
A natação de Sergipe tem apresentado um crescimento muito grande nos últimos anos e Rayssa Santana jovem nadadora de 16 anos é um dos destaques sergipanos em nível nacional: ”gostaria muito de ter o índice para participar da Rio16, mas enquanto minha vez não chega vou tentar dar meu melhor nos eventos sergipanos e conquistar mais medalhas e melhorar minhas marcas pessoais”.
A briga com o relógio é a maior característica das competições de natação, os atletas tocam a borda e imediatamente olham para o placar para conferir o tempo que eles fizeram e, isso vai da categoria mirim I para nadadores de 9 anos aos nadadores mais experientes da categoria sênior.

O Campeonato Sergipano de Natação acontece no próximo fim de semana no parque aquático Zé Peixe, no dia 5 a partir das 14h e, no dia 6 a partir das 8h da manhã sempre com entrada franca.

FASE divulga os melhores da natação 2015

Antonio Aragão

A noite desta quarta-feira, 17, será muito especial para os atletas que figuraram na natação sergipana em 2015 e também para o Portal Infonet. A dedicação na cobertura dos eventos de natação e polo aquático na temporada de 2015 rendeu à equipe de reportagem da Infonet o prêmio de destaque na imprensa, concedido pela Federação Aquática de Sergipe (FASE).

A lista com o nome dos premiados foi divulgada nesta terça-feira, 16, e a cerimônia que encerra de vez a temporada 2015 acontece nesta quarta-feira, às 19h, no auditório do Bloco C da Universidade Tiradentes, Farolândia. Serão premiados os melhores atletas de cada categoria da natação e os melhores gerais.

Temporada 2016

O primeiro evento oficial de natação em 2016 já tem data para acontecer. Nos dias 5 e 6 de março o Parque Aquático Zé Peixe será palco do Campeonato Sergipano.

quinta-feira, 17 de março de 2016

Processo licitatório da alimentação escolar em Itabaiana termina em prisão

Por Lucas Sousa Moura

O empresário Célio França, conhecido no estado de Sergipe por tem sido o principal denunciante de um esquema de corrupção na compra de alimentação escolar da cidade de São Cristóvão, que resultou inclusive na renúncia da prefeita Rivanda Batalha, voltou ao holofotes midiáticos na cidade serrana em razão de uma nova denúncia.
Nesta feita empresário foi detido em razão de um grande tumulto que aconteceu durante o processo licitatório da merenda escolar em Itabaiana. Situação que o levou a acusar Adailton Resende, secretário de administração, de agir como chefe do batalhão da Polícia Militar.
Todo esse processo teve início quando em reunião com Adailton, França o alertou que a empresa Gama Distribuidora não teria entregue os produtos que foram licitados no ano anterior. Por essa razão, segundo Célio, ela estaria impedida de participar do processo atual. Mas Adailton afirmou que estaria fazendo uma consulta jurídica, que para França, não seria necessária.
Chegado o dia dos lances, Célio França solicitou ao advogado e pregoeiro responsável pela sessão, Michael Douglas Cunha da Mota, a não participação das empresas envolvidas no escândalo de São Cristóvão, mas o pregoeiro afirmou não haver base legal para tanto, o que aparentemente o convenceu.
No decorrer da sessão, Célio dava lances com preços melhores que os dos concorrentes. Inclusive, o próprio Michael, afirmou que Célio estava vencendo os concorrentes na maior parte dos produtos.
Segundo o pregoeiro, a confusão iniciou-se quando chegaram ao item poupa de fruta, pois uma das empresas estipulava um preço muito acima do que Célio ofertou. Desse modo, os concorrentes questionaram a idoneidade da suposta fabricante do produto. A comissão decidiu apurar. Algo, que para Célio, deveria ser constatado depois, assim como estava acontecendo com todos os processos necessários de revisão. No entanto, mesmo assim, França defendeu-se e disse que poderia provar a legitimidade com uma ligação para o setor administrativo de sua empresa. Durante a ligação, ele teria dito que precisava de tal documento para defender-se de uma quadrilha, referindo-se a alguns dos 14 participantes do processo licitatório, que são os mesmos citados na reportagem “Senhores da fome” do Sbt. Nesse momento, João Marques, proprietário de uma das empresas, que para Célio é submissa a Everaldo Gama, proferiu palavras de baixo calão para ofender França. Quando França se aproximou de João os outros licitantes utilizaram cadeiras para impedir que João o agredisse e a confusão generalizou-se.
Policiamento
Michael Douglas disse que a administração municipal entrou em contato com a polícia. Depois disso, já com a sessão suspensa, o Secretário de Administração, Adailton, chegou acompanhado da Polícia Militar. O pregoeiro afirma que assim que a PM chegou, toda a equipe se retirou e não presenciou a abordagem feita pelos oficiais.
França passou um dia na prisão e, ainda enquanto estava lá, disse lamentar profundamente o fato de que as prefeituras unam-se com pregoeiros, servidores e distribuidores para retirar comida da boca de crianças carentes.
A sessão teve continuidade no dia seguinte e outra pessoa representou a empresa de Célio França. O pregoeiro Michael relatou que a empresa não sofreu nenhum tipo de prejuízo com a prisão do proprietário, fato que Célio imagina que ainda acontecerá. Além disso, aproveitou para reforçar que estava lá, único e exclusivamente para cumprir seu trabalho e que humanitariamente fica revoltado em saber que pessoas usam de má fé para subverter a legalidade.
O secretário municipal de administração, Adailton Resende, foi procurado pela nossa equipe, mas disse que só se pronunciaria com mais detalhes sobre o caso na justiça. No entanto, fez questão de enfatizar que não estava presente e só chegou ao final, por esse motivo a pessoa ideal a ser questionada seria o pregoeiro.

Após Senhores da Fome, Rivanda Batalha renunciou

A reportagem Senhores da Fome, produzida por Roberto Cabrini, foi amplamente debatida na cidade de São Cristóvão, onde concentrou-se a maior parte da denúncia. Logo após o aprofundamento dos efeitos negativos a prefeita Rivanda Batalha decidiu renunciar. Em seu, lugar assumiu o vice-prefeito Jorge Eduardo.
Antes de entregar carta de renúncia, Rivanda desligou o pregoeiro Marcos Muniz das suas atividades e suspendeu o processo de licitação, inclusive os pagamentos e fornecimento de qualquer produto ou serviço.
"Não faço parte da quadrilha que se instalou em Sergipe e quero ajudar na celeridade das investigações. Tenho plena consciência que nada tenho a dever. Coloco à disposição da Justiça todos os meus dados bancários, fiscais, sigilo telefônico ou qualquer medida que possa colaborar com a elucidação dos fatos", garante.

Abaixo carta de renúncia:


Assista a matéria Senhores da Fome na íntegra

Na íntegra, matéria exibida pelo programa Conexão Repórter do SBT que levou Célio França aos holofotes midiáticos. Confira:

Entrevista exclusiva com Célio França


Célio França tem 50 anos e é bacharel em Direito. É casado com a psicóloga Dayane França com quem tem três filhos. Foi presidente da Associação Desportiva Confiança, time pelo qual conquistou o tricampeonato sergipano consecutivo. Desde 1986 está ligado ao setor atacadista de gêneros alimentícios. Seu nome tornou-se mais conhecido graças a uma denúncia que fez ao programa do SBT, Conexão Repórter, apresentado por Roberto Cabrini. Na matéria produzida com base em suas denúncias foi desmontado um sistema de fraude em licitação de alimentação escolar na cidade de São Cristóvão. Recentemente, voltou ao centro da mídia por se envolver em uma confusão em um processo de mesmo conteúdo na cidade serrana. Em entrevista com detalhes exclusivos ele nos conta o que aconteceu. Confira:

LabJor: O senhor se envolveu em uma confusão em Itabaiana durante um processo licitatório da merenda escolar. Do que realmente se tratou essa confusão em Itabaiana e porque aconteceu?
Célio França: O problema colocado ocorreu na licitação de gêneros alimentícios destinados a merenda escolar do município de Itabaiana. Assim que foi publicado o edital eu tive a preocupação de ir até a secretaria de administração de Itabaiana e conversar com Adailton Resende. Fiz assim porque já ele tinha sido pre-avisado. Eu tomei conhecimento de que a turma denunciada na matéria Senhores da Fome, que já forneciam alimentos para Itabaiana, iria para lá para criar problema com o objetivo de me insultar, me inflamar, para que acontecesse algum fato para me jogar contra a opinião pública. Eu relatei tudo isso a Adailton.
LabJor: Qual a relação de Adailton com o processo?
Célio França: Há um agravante aí, tem uma dessas pessoas denunciadas que se chama João Marques, ele nada mais é que um dos braços dos senhores da fome, ele representa Everaldo Gama, dono da Gama Distribuidora. Ele disse que dava 10% de comissão a Adailton, desde quando ele era pregoeiro em Areia Branca, já que ele executou a função lá por dois anos. Ele disse que entregava em dinheiro na mão de Adailton. E que eu viesse para Itabaiana com a certeza de que lá iria ser criado um caso e o que eu ganhasse no leilão não levaria. Tudo isso eu disse a Adailton, mas ele disse: “Não, venha! Não tem isso não”. Em outras palavras João chamou ele de ladrão. Eu ainda disse que no dia da reunião chamaria João Marque para falar tudo isso na cara dele, mas ele não se importou muito.
LabJor: Gostaria que o Senhor explicasse com detalhes como de fato ocorreu a confusão durante a sessão da merenda escolar?
Célio França: Aconteceu no momento do pregão. Durante os lances, foram feitos diversos questionamentos sobre os produtos. E sempre a resposta do pregoeiro e da mesa da comissão de licitação era: “Nós iremos encaminhar as amostras para a nutricionista caso esteja fora dos padrões, a nutricionista irá rejeitar.  Depois terá a fase de recursos e qualquer um que não achar que está correto pode entrar com os recursos”. Pois bem, chegou a hora do item poupa de frutas, que João vem ganhando todo ano, inclusive, ganhou no ano passado em Itabaiana. Neste momento eu ofereci o menor preço para o produto. Em seguida João Marques, que é aliado a Everaldo Gama, proprietário da Gama Distribuidora que é compadre de André Moura e afilhado de Amorim, disse que a marca que eu vendia não existia. Daí o pessoal da comissão se levantou e decidiu fazer uma averiguação. Aí eu disse que não seria necessário, já que a orientação anterior era aguardar e entrar com o recurso depois.
LabJor: Então o pregoeiro resolveu conferir naquele momento se a sua marca existia de fato?
Célio França: Exatamente. Para todos era necessário entrar com um recurso, mas para mim não. Tudo isso para atender ao que os senhores da fome quer? A partir daí começou a discussão.
LabJor: Qual foi a atitude do pregoeiro durante essa discussão?
Célio França: Ela foi pesquisar na internet e pediu uma nota fiscal de minha empresa. Daí eu perguntei se ela era auditora da receita fiscal para solicitar nota fiscal de minha empresa, afinal, eu não tenho que ficar abrindo sigilo fiscal para a prefeitura de Itabaiana. Daí eu percebi que estava tudo errado. Afirmei: “Everaldo Gama não forneceu merenda escolar durante todo o ano passado e vocês não penalizaram e ele. É tanto ele está participando da licitação juntamente com sua quadrilha, conforme dito pelo renomado jornalista Cabrini”. Feito isso João se levantou em direção a mim e me agrediu com palavras de baixo calão. Ai eu parti em sua direção e as pessoas que estavam lá fizeram uma barreira entre eu e ele com as cadeiras. Nesse empurra-empurra duas cadeiras voaram e atingiram a divisória fazendo um cortezinho de cinco cm e um buraquinho da cadeira.
LabJor: O Senhor foi detido por policiais do Batalhão, como chegou a esse ponto?
Célio França: A confusão foi generalizada e não dava para atribuir a culpa a ninguém. Neste momento Adailton chegou lá com o comandante da polícia. Os policiais ficaram olhando pra mim e para Adailton. Aí Adailton olhou, analisando com uma cara muito cínica, chegou a dizer que houve dano ao patrimônio publico. Adailton disse vamos todos para a delegacia fazer o Boletim de Ocorrência. Quando chegou na delegacia tentaram me enquadrar como desacato a autoridade e dano ao patrimônio público. Porque no somatório das duas penas era inafiançável. Eu não iria sair naquele dia só que a delegada disse que desacato a autoridade não houve. Como é que não houve e foi imputada a mim, a pena? Apenas para eu dormir lá. Meus advogados chegaram e no dia seguinte paguei a fiança de 10 salários mínimos e o juiz fez o relaxamento da prisão.
Na hora que eu estava sendo preso eu apontei o dedo na cara de Adailton e disse: “Se esse é o preço que eu tenho que pagar para que a comida chegue na boca das crianças de Itabaiana, ao invés de o dinheiro ir parar no bolso desses ladrões que envolvem gestores, servidores públicos e secretários, você vai mandar me prender 100 vezes Adailton”. Ele ficou rindo.
LabJor: O que o senhor acha que vai acontecer depois do acontecimento?
Célio França: Acredito que eles vão punir a empresa que eu estava representando e tudo vai cair no colo dos senhores da fome. Eles vão atribuir alguma penalidade administrativa, mas eu vou recorrer. Vou até a última instancia. O processo teve continuidade no dia seguinte. Eles fizeram diligencia e eles passaram vergonha. Ficou provado que a marca da polpa existe e nosso item polpa ganhou 40% mais barato.
LabJor: Quais serão seus próximos passos sobre esse episódio?
Célio França: Entrei em contato com o pessoal da OAB para pedir assistência, Além disso, eu e um grupo de jornalistas entraremos entrando com uma representação contra o jornalista Carlos Ferreira que disse ao vivo na rádio que eu merecia um tiro. Roberto Cabrini acompanhou minha prisão e todo o processo em tempo real e o SBT estará solicitando dos que sejam tomadas as medidas de punição a esse rapaz que foi muito infeliz e irresponsável em suas colocações. Esse rapaz não é jornalista é um pistoleiro. Eu vou aguardar os acontecimentos e Cabrini estará vindo para cá fazer entrevistas.
LabJor: O Senhor afirmou, através da mídia, que alguém lhe disse que não conseguiria dar entrevista em Itabaiana a nenhum veículo de imprensa. Quem te disse isso?
Célio França: Adailton Souza. Ele me disse que eu não daria entrevista a ninguém da imprensa porque ele sitiam os meios de comunicação. Além disso, tomei conhecimento por um grupo de jornalistas que Adailton com o prefeito de Itabaiana estão preparando um dossiê contra mim. Desde já desafio que eles encontrem qualquer ato ilícito de minha parte.

quarta-feira, 16 de março de 2016

“Vulcão”: onde a dor se aloja, onde a doença habita

Foto: Marco Vieira

:editoria reportagem:
por Rafael Amorim


De qualquer perspectiva e sob qualquer ângulo, a erupção de um vulcão é uma imagem difícil de tirar da cabeça. Talvez pelas cores – vibrantes, vermelhas, pulsantes. Talvez pela temperatura – alta, fervente, inóspita. Talvez, simplesmente, pela plasticidade: a beleza gerada da destruição e a irreversibilidade da natureza alterada. Vista através de grandes telas ou de pequenas projeções, uma erupção pode ser hipnotizante. Sentida por meio do tremor súbito da terra e pelo barulho gritante nos instantes em que se concretiza, uma erupção pode ser ameaçadora. É somente quando vista de frente, entretanto, a alguns metros do pico ou da primeira fileira, que uma erupção pode ser digerida.
Como qualquer outro, um projeto – ou um vulcão – se desenvolve em fases, sendo preciso conhecê-las para, de fato, compreender seus impactos.

FORMAÇÃO DO MAGMA – Debaixo da superfície, rochas são fundidas em altas temperaturas, formando o magma. Gênese, origem, início.
Apresentado pelo Grupo Teatral Caixa Cênica, dirigido por Sidnei Cruz e escrito pela dramaturga Lucianna Mauren, o espetáculo “Vulcão” foi gerado através de fragmentos da memória da atriz Diane Veloso, a responsável pela interpretação da personagem – em todas suas camadas e facetas – que sustenta o solo. Com um desenvolvimento não linear, a peça se origina da necessidade de Diane em transformar a energia de sua história – até então, com um caráter autobiográfico – em uma tradução poética e autônoma – alcançando, assim, um caráter universal.
“Não é a minha história, mas é uma poesia que foi construída em cima de relatos meus. Então, cada vez mais o espetáculo vai ganhando uma autonomia, independente de ser autobiográfico. Ele se torna um organismo vivo”, comenta Diane.
A proposta de explorar as múltiplas faces da atriz exigiu uma direção que tivesse domínio sobre esse processo de entrega. É nesse contexto que Sidnei Cruz surge. Dedicando-se ao teatro há mais de trinta anos, Sidnei é “vivo, vigoroso e verdadeiro em cena”, segundo palavras da própria Diane, trazendo para o espetáculo sua experiência e encarando o desafio como escavar uma montanha, em busca de um minério que é, no final das contas, um espanto cênico, nas palavras do diretor.
Para ele, esse é um espetáculo que só se torna possível através de Diane, sendo impossível sua execução sem ela. “Vulcão não é um monólogo! É, antes de tudo, uma multiplicidade estilhaçada. Desdobramento de personas, de sujeitos híbridos, um relato alegro-trágico de um corpo manifesto em multidão. Não é teatro. Mas, contém teatro, também. Só foi possível realizar a experiência porque é através do físico-espiritual de Diane Veloso, uma artista de corpo e alma imersos num projeto autoral. A experiência é intransferível. Não se repetirá nunca em lugar algum, a não ser nela mesma”, diz.
CHOQUE ENTRE AS PLACAS – As placas tectônicas que formam a superfície terrestre entram em colapso, emergindo e submergindo-se umas sob as outras, movimentando-se e gerando, assim, aberturas na crosta. Execução, desenvolvimento, geração.
O espetáculo é produto de um processo que é, segundo Diane, inventivo. A proposta de inovar e garantir um Teatro Performativo fez com que a atriz e o diretor partissem para experimentações, extraindo delas, a fórmula – ou, melhor, o consenso de inexistência de uma – para que o solo funcionasse segundo as expectativas. As dificuldades para conseguir a organicidade necessária que projetasse em “Vulcão” as ideias de ambos, entretanto, foram muitas.
“Os desafios relativos ao processo de imaginação e construção de uma experiência de Teatro Performativo são muitos. A começar pela escolha de um espaço não convencional. Uma escolha desconfortável, pois a equipe tem que inventar arquitetonicamente tudo. Chão, teto, paredes, iluminação, marcenaria, pintura, porta, banco, limpar, tirar entulho, lavar, remover plantas, exterminar insetos (risos), travar uma batalha insana contra o fenômeno da natureza – a chuva – que impiedosamente desaba sobre nós a qualquer momento do processo, construir uma calha para desviar o volume acumulado de água… Essas tarefas, esses esforços, vão dilatando os músculos, ampliando as percepções, testando as resistências e jogando todos da equipe no processo vertiginoso da criação artística utópica”, conta Sidnei.
Além dos desafios técnicos, o espetáculo também se torna um desafio pessoal para Diane que precisa, diariamente, conciliá-lo com imprevistos de sua rotina. Exigindo da atriz não somente uma forte carga expressiva, “Vulcão” também requer esforço físico. “É bem complexo, é uma preparação em que eu ensaio durante a semana – quando não estou doente”, comenta.
ERUPÇÃO – Após o colapso das placas tectônicas, o magma presente entre a crosta e o manto que se encontra em altas temperaturas e pressão, excede-se, expelindo a lava para fora da terra. Fogo. Destruição. Concretização.
Estreado em 5 de junho, no espaço Intera – Arte e Economia Criativa, “Vulcão” foi apresentado em duas sessões e, finalmente, ganhou vida através da interpretação de Diane Veloso e de uma produção cuidadosa para que tudo funcionasse no momento preciso, da maneira correta. O solo que apresenta diversas nuances e requer uma interação contínua, tanto da atriz com o público, como da mesma com o cenário, conseguiu sintetizar o trabalho exercido por toda a equipe de maneira satisfatória; e vem se tornando, a cada apresentação, mais orgânico.
“Dramaturgia, iluminação, atuação, ambientação cênica, música, indumentária… Braços de uma centopeia angustiante que vai se movendo organicamente por instinto, técnica e malícia. De tal modo que só existe em conjunto, separados se tornam vazios, mortos”, afirma Sidnei acerca do processo de construção do espetáculo.
Se a proposta de ousar e explorar o máximo de elementos inovadores define “Vulcão”, Diane se torna a personificação desse desafio. Expressiva, a atriz fala com os olhos e de maneira direta – enxerga a reação do público com uma precisão cirúrgica. O público, por sua vez, acompanha cuidadosamente todos os movimentos incessantes dela pelo cenário. Enquanto desliza pelo ambiente, cada objeto presente ganha sentido e se comunica com o que vai sendo dito – de forma gritada e silenciosa. Diane está, mais do que nunca, múltipla.
Para as pessoas que estão sentadas em frente a ela, a dor é palpável, a doença que é tão questionada, se torna visível. O inverso da personagem é refletido em um espelho e torna-se nosso. Comemoramos a chegada do carnaval e lamentamos a partida – que se torna, espera – de um grande amor. Pulsamos com a marchinha cantada em meio à avenida lotada, sofremos com a mesma canção sussurrada na ponta do ouvido. Somos, assim, apresentados a uma série de Dianes que se misturam e se completam em uma excelência incontestável, com uma carga poética que comove na mesma proporção em que convence.
Victor Cardozo, presente na estreia, acredita que a entrega de Diane é um dos fatores que determinam o sucesso do espetáculo. “Achei a performance dela impressionante, pela forma como se entrega de um jeito visceral a uma persona que transparece tanto dela mesma. Gostei de como que ela interage com o público de forma tão próxima, quase que exigindo uma resposta emocional imediata de quem assiste”, completa.
Para ele, a concepção punk das intervenções musicais também faz com que o espetáculo se torne uma experiência interessante. Assinando a trilha sonora, Alex Sant’Anna – que, inclusive, acaba de lançar seu novo single "Enquanto Espera" e Leo Airplane conseguem traduzir, através da musica, a excentricidade e personalidade do solo.
Parte fundamental do espetáculo, o público reage a cada instante de maneira particular. O texto, que até então é resultante do histórico pessoal da atriz, torna-se uma experiência compartilhada, permitindo diversas interpretações e visões. Após a apresentação e até mesmo através da página oficial no Facebook, as pessoas fazem questão de dividir suas impressões e contar de que maneira foram impactadas por Vulcão.
“O público é um monstro com milhares de cabeças num corpo unido, provisoriamente, pelo estar-junto, numa sessão e numa sala para a fruição. Não temos (e nem devemos) ter controle algum sobre as percepções do “público”. Temos pistas de como podemos provocá-lo, por meio de pesquisas sobre o contexto, o lugar, a história. O território escolhido para o confronto. Porque é disso que se trata: de um confronto. Uma guerra. Um embate de sentidos entre artistas e espectadores. É desse choque que pode surgir alguma coisa nova”, comenta Sidnei.
Para Diane, tirar uma pessoa de sua casa para assistir ao seu espetáculo é uma responsabilidade enorme, tornando a resposta do público gratificante. “Ter esse retorno está sendo sensacional, porque a gente está vendo que estamos comunicando. A forma que comunica vai depender da própria experiência de quem está assistindo”, diz. “Eu lembro que tiveram algumas apresentações – a penúltima e a última – em que as pessoas cantaram uma música comigo, mas elas não conheciam a música. Então foi um momento muito emocionante”, completa.

É preciso se aproximar para digerir uma erupção e compreender, de fato, quão destrutivo pode ser um vulcão. Presente na primeira fileira, não é fácil se dar conta do risco. Somos pegos de surpresa pela erupção. Sentindo o ar quente embriagar nossos olhos e ouvindo o barulho do estrondo, mas foi só quando a lava finalmente encontra nosso corpo que entendemos, de fato, o espetáculo. Compartilhar essa experiencia, entretanto, seria perda de tempo. Afinal, só quem possui queimaduras pelo corpo reconhece onde a dor se aloja, onde a doença habita. E sabe que é onde se dói que mais se sente.


terça-feira, 15 de março de 2016

Agentes de trânsito podem trabalhar na conciliação
Clara Dias

Mesmo antes da obrigatoriedade da conciliação ou mediação no Novo Código de Processo Civil, o uso desses institutos para resolução de conflitos já era uma tendência defendida por juristas. Ao conciliar e mediar, evita-se a sobrecarga do sistema judiciário, pois não haverá a entrada de uma ação.


Um exemplo da tentativa de melhorar a procura por esses recursos foi o acordo da Prefeitura de Aracaju, junto à Superintendência Municipal de Transportes (SMTT), com o Poder Judiciário do Estado de Sergipe para que os agentes de trânsito possam conciliar atritos nas ruas, como acidentes automobilísticos. Para isso, participaram de cursos preparatórios.

O termo de cooperação que permite esse exercício facilita a resolução de conflitos menores. No entanto, caso esse sistema não funcione, deve-se acionar os órgãos competentes para ajuizar a ação própria.

Estádio Etelvino Mendonça comemora 45 anos de história

O estádio Etelvino Mendonça fez  no último 07 de março, 45 anos de construído. No dia 07/03/1971 diante de um grande jogo: Itabaiana X Grêmio  inaugurava-se o estádio Presidente Médici localizado no centro de Itabaiana/SE, Naquele dia se fazia a maior festa no estado, pois era edificado o primeiro estádio de futebol de campo, considerado uma grande obra do governo federal no estado de Sergipe.

O então presidente da Republica, Emílio Médici, ficaria impossibilitado de viajar ao estado de Sergipe para a inauguração, porém como forma de homenagem, informou que iria mandar seu time do coração, o grêmio de Porto Alegre, para uma partida amistosa em comemoração à inauguração do  magnífico estádio.

O tricolor gaúcho então se fez presente na memorável data, e não veio desmontado para prestigiar a festa junto ao tricolor serrano. No elenco gaúcho, fizeram-se presentes o centroavante Alcindo e o lateral esquerdo Everaldo, tricampeões mundiais pela seleção brasileira no México.

A disputa não foi desanimada não. O tremendão da serra mostrou que não estava para brincadeira e por pouca, não abriu o placar naquela tarde histórica. O time gaúcho também teve chances, porém deixou a desejar nas finalizações, O jogo acabou em zero a zero, digno de uma inauguração e de um jogo decidido por tricolores.

Daquele dia em diante, o estádio tornou-se a casa do tremendão da serra. Nesse estádio, muito foram as vitórias e derrotas, glorias e conquistas da Associação Olímpica de Itabaiana. No atual momento, o governador Jackson Barreto em via de decreto, alterou o nome do estádio para Etelvino Mendonça, pois o seu antigo nome remetia ao presidente da república no regime militar, Emílio Médici, considerado por mais, o mais sangrento daquela época sombria.

Leia também: Itabaiana aproveita a força da torcida e pode ser campeão sergipano.

Kiko Monteiro: a arte sob a timidez

Dayanne Carvalho
Kiko Monteiro em seu quartinho de lembranças (Foto: Dayanne Carvalho)
Quando cheguei à casa de Kiko, o ambiente exalava arte. Acolhido pelas paredes que testemunharam as fases de sua vida, ele assistia ao programa Matador de Passarinho, uma produção que entrevista artistas do passado. Com a mesma intenção do programa, eu estava lá para entrevistar um grande artista que muita gente nem sabe que existe ou não conhece a fundo. Não houve entrevista. O que aconteceu naquela tarde foi muito mágico para caber nessa palavra.
Kiko Monteiro – como prefere ser chamado – é pai, cantor, jornalista, ator, cangaceirólogo e palhaço. É “quase que extremamente tímido”, mas é nas artes que isso se esvai. Filho de músico, ele soltou a voz e deixou sua marca em sete bandas: Imagem Virtual, Atividade, Toque Musical, Revelações, Corações e Mentes, Uns Bossais e Los Guaranis. Iniciou na música cantando em comícios e bailes, mas é no barzinho, lugar onde canta atualmente, que ele se encontrou como cantor.
A carreira na música surgiu em 1996, mas a vida artística de Kiko começou a ser moldada ainda na infância. Diferente das outras crianças, tinha como herói o palhaço de circo. Transformou a ficção em seu primeiro sonho e aos 12 anos começou a concretizá-lo. Numa relação entre ficção, utopia e realidade, o garotinho se tornou seu próprio herói, alcançando o que, geralmente, é inatingível e executando seu próprio sonho. “Vamos ilustrar a conversa”, comenta ele ao me trazer um álbum de fotos da época em que era palhaço. Com roupas e esquetes produzidos por ele mesmo, as apresentações começaram no quintal de sua casa e só aos 17 anos é que ele pôde dar um breve adeus à sua mãe que, de coração partido, o viu sair de casa em 1995. Tendo como principal referência o palhaço chileno Xupetin (Oscar Espínola), ele diz: “Fui experimentar o circo, beber água do circo.”.
Seis meses depois, Kiko deixou o picadeiro, mas continuou atuando como palhaço em festas de aniversário. Foi fazendo a animação de festas com esquetes do circo que o teatro surgiu na vida de Kiko. Ivilmar Gonçalves, um dos seus grandes amigos, o convidou para participar da peça A peleja de Valentim contra a morte pelo amor de Manuela e mesmo sendo resistente a levar o palhaço para o teatro, conseguiu encantar diferentes públicos com seus quatro esquetes incorporados. Kiko se transformava no variado Berimbelo fazendo com que o público e o palhaço se tornassem um só nas noites teatrais. “A gente se transforma, a gente perde toda a timidez.”, diz ele emocionado. O palhaço que fez com que ele hesitasse em se apresentar foi o mesmo que o levou ao cinema. Entre passos pela plateia, ele saiu do circo, entrou no teatro e estourou no cinema fazendo o Douglas no filme A Pelada. “Eu me sinto com muito orgulho de ter um pai tão talentoso.”, diz sua filha, Letícia Monteiro, que ainda completa: “Me sinto uma mini cópia dele.”.
Para ilustrar o encontro entre memória e atualidade, ele trouxe outro elemento para a conversa: um livro sobre o Circo Nerino. Segundo ele, não tem como não chorar porque ele também vê um pouco de sua própria história. “Dá uma saudade retada. Era uma época que eu queria ter vivido.”. Kiko não chorou, mas deixou escapar risos tímidos e olhares brilhantes ao folhear as páginas. “Quando eu vi esse livro, eu falei: ‘caramba! Preciso voltar, preciso voltar.’ Dá saudade de pintar o rosto.”, diz o apaixonado pelo tradicionalismo circense.
Todos os elementos do palhaço de Kiko estão em um baú que fica guardado no que ele chama de “gabinete da memória”. Se a sala pulsava arte, esse pequeno quartinho emanava memórias. Em toda parte havia um pedaço da vida de Kiko, seja ela artística ou não. Havia infância nos brinquedos, adolescência nos LPs e cadernos de poesia, um homem no palhaço e um cangaceirólogo na biblioteca especializada e nas manchetes sobre Lampião que estavam pregadas na parede azul.
Kiko Monteiro caminhou pelo passado, trouxe algumas coisas para o presente e as projetou no futuro. Entre sorrisos tímidos, ele mostrou ser alguém que sente, guarda e convive o tempo todo com os botões das suas memórias. Na fusão entre o som da rua e dos passarinhos, falou e provou que é arte. Numa tarde de sábado, eu vi que a arte não para em Kiko e ele sem ela, não vive.