Célio França tem 50 anos e é bacharel em Direito. É casado com a psicóloga Dayane França com quem tem três filhos. Foi presidente da Associação Desportiva Confiança, time pelo qual conquistou o tricampeonato sergipano consecutivo. Desde 1986 está ligado ao setor atacadista de gêneros alimentícios. Seu nome tornou-se mais conhecido graças a uma denúncia que fez ao programa do SBT, Conexão Repórter, apresentado por Roberto Cabrini. Na matéria produzida com base em suas denúncias foi desmontado um sistema de fraude em licitação de alimentação escolar na cidade de São Cristóvão. Recentemente, voltou ao centro da mídia por se envolver em uma confusão em um processo de mesmo conteúdo na cidade serrana. Em entrevista com detalhes exclusivos ele nos conta o que aconteceu. Confira:
LabJor:
O senhor se envolveu em uma confusão em Itabaiana durante um processo
licitatório da merenda escolar. Do que realmente se tratou essa confusão em
Itabaiana e porque aconteceu?
Célio
França: O problema colocado ocorreu na licitação de gêneros
alimentícios destinados a merenda escolar do município de Itabaiana. Assim que
foi publicado o edital eu tive a preocupação de ir até a secretaria de
administração de Itabaiana e conversar com Adailton Resende. Fiz assim porque
já ele tinha sido pre-avisado. Eu tomei conhecimento de que a turma denunciada
na matéria Senhores da Fome, que já forneciam alimentos para Itabaiana, iria para
lá para criar problema com o objetivo de me insultar, me inflamar, para que
acontecesse algum fato para me jogar contra a opinião pública. Eu relatei tudo
isso a Adailton.
LabJor:
Qual a relação de Adailton com o processo?
Célio
França: Há um agravante aí, tem uma dessas pessoas
denunciadas que se chama João Marques, ele nada mais é que um dos braços dos
senhores da fome, ele representa Everaldo Gama, dono da Gama Distribuidora. Ele
disse que dava 10% de comissão a Adailton, desde quando ele era pregoeiro em Areia
Branca, já que ele executou a função lá por dois anos. Ele disse que entregava
em dinheiro na mão de Adailton. E que eu viesse para Itabaiana com a certeza de
que lá iria ser criado um caso e o que eu ganhasse no leilão não levaria. Tudo
isso eu disse a Adailton, mas ele disse: “Não, venha! Não tem isso não”. Em
outras palavras João chamou ele de ladrão. Eu ainda disse que no dia da reunião
chamaria João Marque para falar tudo isso na cara dele, mas ele não se importou
muito.
LabJor:
Gostaria que o Senhor explicasse com detalhes como de fato ocorreu a confusão
durante a sessão da merenda escolar?
Célio
França: Aconteceu no momento do pregão. Durante os lances,
foram feitos diversos questionamentos sobre os produtos. E sempre a resposta do
pregoeiro e da mesa da comissão de licitação era: “Nós iremos encaminhar as
amostras para a nutricionista caso esteja fora dos padrões, a nutricionista irá
rejeitar. Depois terá a fase de recursos
e qualquer um que não achar que está correto pode entrar com os recursos”. Pois
bem, chegou a hora do item poupa de frutas, que João vem ganhando todo ano,
inclusive, ganhou no ano passado em Itabaiana. Neste momento eu ofereci o menor
preço para o produto. Em seguida João Marques, que é aliado a Everaldo Gama,
proprietário da Gama Distribuidora que é compadre de André Moura e afilhado de
Amorim, disse que a marca que eu vendia não existia. Daí o pessoal da comissão
se levantou e decidiu fazer uma averiguação. Aí eu disse que não seria
necessário, já que a orientação anterior era aguardar e entrar com o recurso
depois.
LabJor:
Então o pregoeiro resolveu conferir naquele momento se a sua marca existia de
fato?
Célio
França: Exatamente. Para todos era necessário entrar com um
recurso, mas para mim não. Tudo isso para atender ao que os senhores da fome
quer? A partir daí começou a discussão.
LabJor:
Qual foi a atitude do pregoeiro durante
essa discussão?
Célio
França: Ela foi pesquisar na internet e pediu uma nota
fiscal de minha empresa. Daí eu perguntei se ela era auditora da receita fiscal
para solicitar nota fiscal de minha empresa, afinal, eu não tenho que ficar
abrindo sigilo fiscal para a prefeitura de Itabaiana. Daí eu percebi que estava
tudo errado. Afirmei: “Everaldo Gama não forneceu merenda escolar durante todo
o ano passado e vocês não penalizaram e ele. É tanto ele está participando da
licitação juntamente com sua quadrilha, conforme dito pelo renomado jornalista
Cabrini”. Feito isso João se levantou em direção a mim e me agrediu com palavras
de baixo calão. Ai eu parti em sua direção e as pessoas que estavam lá fizeram
uma barreira entre eu e ele com as cadeiras. Nesse empurra-empurra duas
cadeiras voaram e atingiram a divisória fazendo um cortezinho de cinco cm e um
buraquinho da cadeira.
LabJor:
O Senhor foi detido por policiais do Batalhão, como chegou a esse ponto?
Célio
França: A confusão foi generalizada e não dava para
atribuir a culpa a ninguém. Neste momento Adailton chegou lá com o comandante
da polícia. Os policiais ficaram olhando pra mim e para Adailton. Aí Adailton
olhou, analisando com uma cara muito cínica, chegou a dizer que houve dano ao
patrimônio publico. Adailton disse vamos todos para a delegacia fazer o Boletim
de Ocorrência. Quando chegou na delegacia tentaram me enquadrar como desacato a
autoridade e dano ao patrimônio público. Porque no somatório das duas penas era
inafiançável. Eu não iria sair naquele dia só que a delegada disse que desacato
a autoridade não houve. Como é que não houve e foi imputada a mim, a pena?
Apenas para eu dormir lá. Meus advogados chegaram e no dia seguinte paguei a
fiança de 10 salários mínimos e o juiz fez o relaxamento da prisão.
Na hora que eu estava sendo preso eu
apontei o dedo na cara de Adailton e disse: “Se esse é o preço que eu tenho que
pagar para que a comida chegue na boca das crianças de Itabaiana, ao invés de o
dinheiro ir parar no bolso desses ladrões que envolvem gestores, servidores
públicos e secretários, você vai mandar me prender 100 vezes Adailton”. Ele
ficou rindo.
LabJor:
O que o senhor acha que vai acontecer depois do acontecimento?
Célio
França: Acredito que eles vão punir a empresa que eu estava
representando e tudo vai cair no colo dos senhores da fome. Eles vão atribuir
alguma penalidade administrativa, mas eu vou recorrer. Vou até a última
instancia. O processo teve continuidade no dia seguinte. Eles fizeram
diligencia e eles passaram vergonha. Ficou provado que a marca da polpa existe
e nosso item polpa ganhou 40% mais barato.
LabJor:
Quais serão seus próximos passos sobre esse episódio?
Célio
França: Entrei em contato com o pessoal da OAB para pedir
assistência, Além disso, eu e um grupo de jornalistas entraremos entrando com
uma representação contra o jornalista Carlos Ferreira que disse ao vivo na
rádio que eu merecia um tiro. Roberto Cabrini acompanhou minha prisão e todo o
processo em tempo real e o SBT estará solicitando dos que sejam tomadas as
medidas de punição a esse rapaz que foi muito infeliz e irresponsável em suas
colocações. Esse rapaz não é jornalista é um pistoleiro. Eu vou aguardar os
acontecimentos e Cabrini estará vindo para cá fazer entrevistas.
LabJor:
O Senhor afirmou, através da mídia, que alguém lhe disse que não conseguiria
dar entrevista em Itabaiana a nenhum veículo de imprensa. Quem te disse isso?
Célio
França: Adailton Souza. Ele me disse que eu não daria
entrevista a ninguém da imprensa porque ele sitiam os meios de comunicação. Além
disso, tomei conhecimento por um grupo de jornalistas que Adailton com o
prefeito de Itabaiana estão preparando um dossiê contra mim. Desde já desafio
que eles encontrem qualquer ato ilícito de minha parte.
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