quarta-feira, 23 de março de 2016

Não poderia ser melhor!


Antonio Aragão

Com um grande sorriso no rosto Walter Thiessen o técnico da Agitação/UNIT, assim falou ao descer do pódio com o troféu de campeão geral do Campeonato Sergipano de Natação: “estamos começando o ano da melhor maneira possível, vencemos a disputa do título maior do evento e ainda vimos a imensa maioria dos nossos atletas baixarem suas marcas pessoais e vimos que realmente estamos no caminho certo.



Depois de 76 provas realizadas em dois dias de competições nas águas do parque aquático Zé Peixe a natação sergipana mostrou que vai bem, obrigado! 160 atletas de cinco clubes sergipanos e uma atleta baiana fizeram bonito e mostraram um alto nível técnico e o espírito olímpico prevaleceu entre os adversários.
- Já nado desde os nove anos de idade e aqui na piscina eu só fiz amigos, mesmo as meninas com quem eu disputo medalhas. E esse clima é bom, porque fico mais tranquila e consigo nada mais rápido”, assim falou Paloma Marti, atleta de 14 anos e que está se preparando para o brasileiro infantil que acontecerá em Aracaju no período de 7 a 10 de dezembro.
 Segundo Antonio Aragão presidente da FASE, Sergipe ganhou a sede do brasileiro de natação infantil e expectativa é que mais de 700 atletas de todos os estados do Brasil nadem no parque aquático Zé Peixe e isso vai ajudar a desenvolver ainda mais a natação do Estado.
Resultados:
Troféu Antonio Aragão:
Campeão – Agitação/UNIT
2º Lugar – Master
3º Lugar – NAD’ART
Troféu Tatiana Castro:
Campeão – Agitação/UNIT
2º Lugar – Master
3º Lugar – NAD’ART
Troféu Carlos Hamilton:
Campeão – Agitação/UNIT
2º Lugar – NAD’ART
3º Lugar – Master
Troféu Carlos Rodrigues:
Campeão – Agitação/UNIT
2º Lugar – Salesiano
3º Lugar – NAD’ART

Veja mais:







Pontapé inicial na temporada 2016 da natação


Antonio Aragão


A Federação Aquática de Sergipe – FASE, com apoio do governo de Sergipe, Correios e OIGRES corretora de seguros abre nesse fim de semana 5 e 6, a temporada da natação sergipana 2016. Em ano de Jogos Olímpicos os esportes amadores no Brasil vivem um ambiente diferente e aqui em Sergipe não poderia ser de outra maneira e a expectativa de toda a comunidade aquática é a melhor possível.
O presidente da FASE, professor Antonio Aragão falou desse momento único na história do esporte brasileiro: “o sonho de atletas e demais pessoas envolvidas com o esporte é a participação nas Olimpíadas, esse ano ela acontece no Rio de Janeiro e isso aproxima o sonho da realidade”.
A natação de Sergipe tem apresentado um crescimento muito grande nos últimos anos e Rayssa Santana jovem nadadora de 16 anos é um dos destaques sergipanos em nível nacional: ”gostaria muito de ter o índice para participar da Rio16, mas enquanto minha vez não chega vou tentar dar meu melhor nos eventos sergipanos e conquistar mais medalhas e melhorar minhas marcas pessoais”.
A briga com o relógio é a maior característica das competições de natação, os atletas tocam a borda e imediatamente olham para o placar para conferir o tempo que eles fizeram e, isso vai da categoria mirim I para nadadores de 9 anos aos nadadores mais experientes da categoria sênior.

O Campeonato Sergipano de Natação acontece no próximo fim de semana no parque aquático Zé Peixe, no dia 5 a partir das 14h e, no dia 6 a partir das 8h da manhã sempre com entrada franca.

FASE divulga os melhores da natação 2015

Antonio Aragão

A noite desta quarta-feira, 17, será muito especial para os atletas que figuraram na natação sergipana em 2015 e também para o Portal Infonet. A dedicação na cobertura dos eventos de natação e polo aquático na temporada de 2015 rendeu à equipe de reportagem da Infonet o prêmio de destaque na imprensa, concedido pela Federação Aquática de Sergipe (FASE).

A lista com o nome dos premiados foi divulgada nesta terça-feira, 16, e a cerimônia que encerra de vez a temporada 2015 acontece nesta quarta-feira, às 19h, no auditório do Bloco C da Universidade Tiradentes, Farolândia. Serão premiados os melhores atletas de cada categoria da natação e os melhores gerais.

Temporada 2016

O primeiro evento oficial de natação em 2016 já tem data para acontecer. Nos dias 5 e 6 de março o Parque Aquático Zé Peixe será palco do Campeonato Sergipano.

quinta-feira, 17 de março de 2016

Processo licitatório da alimentação escolar em Itabaiana termina em prisão

Por Lucas Sousa Moura

O empresário Célio França, conhecido no estado de Sergipe por tem sido o principal denunciante de um esquema de corrupção na compra de alimentação escolar da cidade de São Cristóvão, que resultou inclusive na renúncia da prefeita Rivanda Batalha, voltou ao holofotes midiáticos na cidade serrana em razão de uma nova denúncia.
Nesta feita empresário foi detido em razão de um grande tumulto que aconteceu durante o processo licitatório da merenda escolar em Itabaiana. Situação que o levou a acusar Adailton Resende, secretário de administração, de agir como chefe do batalhão da Polícia Militar.
Todo esse processo teve início quando em reunião com Adailton, França o alertou que a empresa Gama Distribuidora não teria entregue os produtos que foram licitados no ano anterior. Por essa razão, segundo Célio, ela estaria impedida de participar do processo atual. Mas Adailton afirmou que estaria fazendo uma consulta jurídica, que para França, não seria necessária.
Chegado o dia dos lances, Célio França solicitou ao advogado e pregoeiro responsável pela sessão, Michael Douglas Cunha da Mota, a não participação das empresas envolvidas no escândalo de São Cristóvão, mas o pregoeiro afirmou não haver base legal para tanto, o que aparentemente o convenceu.
No decorrer da sessão, Célio dava lances com preços melhores que os dos concorrentes. Inclusive, o próprio Michael, afirmou que Célio estava vencendo os concorrentes na maior parte dos produtos.
Segundo o pregoeiro, a confusão iniciou-se quando chegaram ao item poupa de fruta, pois uma das empresas estipulava um preço muito acima do que Célio ofertou. Desse modo, os concorrentes questionaram a idoneidade da suposta fabricante do produto. A comissão decidiu apurar. Algo, que para Célio, deveria ser constatado depois, assim como estava acontecendo com todos os processos necessários de revisão. No entanto, mesmo assim, França defendeu-se e disse que poderia provar a legitimidade com uma ligação para o setor administrativo de sua empresa. Durante a ligação, ele teria dito que precisava de tal documento para defender-se de uma quadrilha, referindo-se a alguns dos 14 participantes do processo licitatório, que são os mesmos citados na reportagem “Senhores da fome” do Sbt. Nesse momento, João Marques, proprietário de uma das empresas, que para Célio é submissa a Everaldo Gama, proferiu palavras de baixo calão para ofender França. Quando França se aproximou de João os outros licitantes utilizaram cadeiras para impedir que João o agredisse e a confusão generalizou-se.
Policiamento
Michael Douglas disse que a administração municipal entrou em contato com a polícia. Depois disso, já com a sessão suspensa, o Secretário de Administração, Adailton, chegou acompanhado da Polícia Militar. O pregoeiro afirma que assim que a PM chegou, toda a equipe se retirou e não presenciou a abordagem feita pelos oficiais.
França passou um dia na prisão e, ainda enquanto estava lá, disse lamentar profundamente o fato de que as prefeituras unam-se com pregoeiros, servidores e distribuidores para retirar comida da boca de crianças carentes.
A sessão teve continuidade no dia seguinte e outra pessoa representou a empresa de Célio França. O pregoeiro Michael relatou que a empresa não sofreu nenhum tipo de prejuízo com a prisão do proprietário, fato que Célio imagina que ainda acontecerá. Além disso, aproveitou para reforçar que estava lá, único e exclusivamente para cumprir seu trabalho e que humanitariamente fica revoltado em saber que pessoas usam de má fé para subverter a legalidade.
O secretário municipal de administração, Adailton Resende, foi procurado pela nossa equipe, mas disse que só se pronunciaria com mais detalhes sobre o caso na justiça. No entanto, fez questão de enfatizar que não estava presente e só chegou ao final, por esse motivo a pessoa ideal a ser questionada seria o pregoeiro.

Após Senhores da Fome, Rivanda Batalha renunciou

A reportagem Senhores da Fome, produzida por Roberto Cabrini, foi amplamente debatida na cidade de São Cristóvão, onde concentrou-se a maior parte da denúncia. Logo após o aprofundamento dos efeitos negativos a prefeita Rivanda Batalha decidiu renunciar. Em seu, lugar assumiu o vice-prefeito Jorge Eduardo.
Antes de entregar carta de renúncia, Rivanda desligou o pregoeiro Marcos Muniz das suas atividades e suspendeu o processo de licitação, inclusive os pagamentos e fornecimento de qualquer produto ou serviço.
"Não faço parte da quadrilha que se instalou em Sergipe e quero ajudar na celeridade das investigações. Tenho plena consciência que nada tenho a dever. Coloco à disposição da Justiça todos os meus dados bancários, fiscais, sigilo telefônico ou qualquer medida que possa colaborar com a elucidação dos fatos", garante.

Abaixo carta de renúncia:


Assista a matéria Senhores da Fome na íntegra

Na íntegra, matéria exibida pelo programa Conexão Repórter do SBT que levou Célio França aos holofotes midiáticos. Confira:

Entrevista exclusiva com Célio França


Célio França tem 50 anos e é bacharel em Direito. É casado com a psicóloga Dayane França com quem tem três filhos. Foi presidente da Associação Desportiva Confiança, time pelo qual conquistou o tricampeonato sergipano consecutivo. Desde 1986 está ligado ao setor atacadista de gêneros alimentícios. Seu nome tornou-se mais conhecido graças a uma denúncia que fez ao programa do SBT, Conexão Repórter, apresentado por Roberto Cabrini. Na matéria produzida com base em suas denúncias foi desmontado um sistema de fraude em licitação de alimentação escolar na cidade de São Cristóvão. Recentemente, voltou ao centro da mídia por se envolver em uma confusão em um processo de mesmo conteúdo na cidade serrana. Em entrevista com detalhes exclusivos ele nos conta o que aconteceu. Confira:

LabJor: O senhor se envolveu em uma confusão em Itabaiana durante um processo licitatório da merenda escolar. Do que realmente se tratou essa confusão em Itabaiana e porque aconteceu?
Célio França: O problema colocado ocorreu na licitação de gêneros alimentícios destinados a merenda escolar do município de Itabaiana. Assim que foi publicado o edital eu tive a preocupação de ir até a secretaria de administração de Itabaiana e conversar com Adailton Resende. Fiz assim porque já ele tinha sido pre-avisado. Eu tomei conhecimento de que a turma denunciada na matéria Senhores da Fome, que já forneciam alimentos para Itabaiana, iria para lá para criar problema com o objetivo de me insultar, me inflamar, para que acontecesse algum fato para me jogar contra a opinião pública. Eu relatei tudo isso a Adailton.
LabJor: Qual a relação de Adailton com o processo?
Célio França: Há um agravante aí, tem uma dessas pessoas denunciadas que se chama João Marques, ele nada mais é que um dos braços dos senhores da fome, ele representa Everaldo Gama, dono da Gama Distribuidora. Ele disse que dava 10% de comissão a Adailton, desde quando ele era pregoeiro em Areia Branca, já que ele executou a função lá por dois anos. Ele disse que entregava em dinheiro na mão de Adailton. E que eu viesse para Itabaiana com a certeza de que lá iria ser criado um caso e o que eu ganhasse no leilão não levaria. Tudo isso eu disse a Adailton, mas ele disse: “Não, venha! Não tem isso não”. Em outras palavras João chamou ele de ladrão. Eu ainda disse que no dia da reunião chamaria João Marque para falar tudo isso na cara dele, mas ele não se importou muito.
LabJor: Gostaria que o Senhor explicasse com detalhes como de fato ocorreu a confusão durante a sessão da merenda escolar?
Célio França: Aconteceu no momento do pregão. Durante os lances, foram feitos diversos questionamentos sobre os produtos. E sempre a resposta do pregoeiro e da mesa da comissão de licitação era: “Nós iremos encaminhar as amostras para a nutricionista caso esteja fora dos padrões, a nutricionista irá rejeitar.  Depois terá a fase de recursos e qualquer um que não achar que está correto pode entrar com os recursos”. Pois bem, chegou a hora do item poupa de frutas, que João vem ganhando todo ano, inclusive, ganhou no ano passado em Itabaiana. Neste momento eu ofereci o menor preço para o produto. Em seguida João Marques, que é aliado a Everaldo Gama, proprietário da Gama Distribuidora que é compadre de André Moura e afilhado de Amorim, disse que a marca que eu vendia não existia. Daí o pessoal da comissão se levantou e decidiu fazer uma averiguação. Aí eu disse que não seria necessário, já que a orientação anterior era aguardar e entrar com o recurso depois.
LabJor: Então o pregoeiro resolveu conferir naquele momento se a sua marca existia de fato?
Célio França: Exatamente. Para todos era necessário entrar com um recurso, mas para mim não. Tudo isso para atender ao que os senhores da fome quer? A partir daí começou a discussão.
LabJor: Qual foi a atitude do pregoeiro durante essa discussão?
Célio França: Ela foi pesquisar na internet e pediu uma nota fiscal de minha empresa. Daí eu perguntei se ela era auditora da receita fiscal para solicitar nota fiscal de minha empresa, afinal, eu não tenho que ficar abrindo sigilo fiscal para a prefeitura de Itabaiana. Daí eu percebi que estava tudo errado. Afirmei: “Everaldo Gama não forneceu merenda escolar durante todo o ano passado e vocês não penalizaram e ele. É tanto ele está participando da licitação juntamente com sua quadrilha, conforme dito pelo renomado jornalista Cabrini”. Feito isso João se levantou em direção a mim e me agrediu com palavras de baixo calão. Ai eu parti em sua direção e as pessoas que estavam lá fizeram uma barreira entre eu e ele com as cadeiras. Nesse empurra-empurra duas cadeiras voaram e atingiram a divisória fazendo um cortezinho de cinco cm e um buraquinho da cadeira.
LabJor: O Senhor foi detido por policiais do Batalhão, como chegou a esse ponto?
Célio França: A confusão foi generalizada e não dava para atribuir a culpa a ninguém. Neste momento Adailton chegou lá com o comandante da polícia. Os policiais ficaram olhando pra mim e para Adailton. Aí Adailton olhou, analisando com uma cara muito cínica, chegou a dizer que houve dano ao patrimônio publico. Adailton disse vamos todos para a delegacia fazer o Boletim de Ocorrência. Quando chegou na delegacia tentaram me enquadrar como desacato a autoridade e dano ao patrimônio público. Porque no somatório das duas penas era inafiançável. Eu não iria sair naquele dia só que a delegada disse que desacato a autoridade não houve. Como é que não houve e foi imputada a mim, a pena? Apenas para eu dormir lá. Meus advogados chegaram e no dia seguinte paguei a fiança de 10 salários mínimos e o juiz fez o relaxamento da prisão.
Na hora que eu estava sendo preso eu apontei o dedo na cara de Adailton e disse: “Se esse é o preço que eu tenho que pagar para que a comida chegue na boca das crianças de Itabaiana, ao invés de o dinheiro ir parar no bolso desses ladrões que envolvem gestores, servidores públicos e secretários, você vai mandar me prender 100 vezes Adailton”. Ele ficou rindo.
LabJor: O que o senhor acha que vai acontecer depois do acontecimento?
Célio França: Acredito que eles vão punir a empresa que eu estava representando e tudo vai cair no colo dos senhores da fome. Eles vão atribuir alguma penalidade administrativa, mas eu vou recorrer. Vou até a última instancia. O processo teve continuidade no dia seguinte. Eles fizeram diligencia e eles passaram vergonha. Ficou provado que a marca da polpa existe e nosso item polpa ganhou 40% mais barato.
LabJor: Quais serão seus próximos passos sobre esse episódio?
Célio França: Entrei em contato com o pessoal da OAB para pedir assistência, Além disso, eu e um grupo de jornalistas entraremos entrando com uma representação contra o jornalista Carlos Ferreira que disse ao vivo na rádio que eu merecia um tiro. Roberto Cabrini acompanhou minha prisão e todo o processo em tempo real e o SBT estará solicitando dos que sejam tomadas as medidas de punição a esse rapaz que foi muito infeliz e irresponsável em suas colocações. Esse rapaz não é jornalista é um pistoleiro. Eu vou aguardar os acontecimentos e Cabrini estará vindo para cá fazer entrevistas.
LabJor: O Senhor afirmou, através da mídia, que alguém lhe disse que não conseguiria dar entrevista em Itabaiana a nenhum veículo de imprensa. Quem te disse isso?
Célio França: Adailton Souza. Ele me disse que eu não daria entrevista a ninguém da imprensa porque ele sitiam os meios de comunicação. Além disso, tomei conhecimento por um grupo de jornalistas que Adailton com o prefeito de Itabaiana estão preparando um dossiê contra mim. Desde já desafio que eles encontrem qualquer ato ilícito de minha parte.

quarta-feira, 16 de março de 2016

“Vulcão”: onde a dor se aloja, onde a doença habita

Foto: Marco Vieira

:editoria reportagem:
por Rafael Amorim


De qualquer perspectiva e sob qualquer ângulo, a erupção de um vulcão é uma imagem difícil de tirar da cabeça. Talvez pelas cores – vibrantes, vermelhas, pulsantes. Talvez pela temperatura – alta, fervente, inóspita. Talvez, simplesmente, pela plasticidade: a beleza gerada da destruição e a irreversibilidade da natureza alterada. Vista através de grandes telas ou de pequenas projeções, uma erupção pode ser hipnotizante. Sentida por meio do tremor súbito da terra e pelo barulho gritante nos instantes em que se concretiza, uma erupção pode ser ameaçadora. É somente quando vista de frente, entretanto, a alguns metros do pico ou da primeira fileira, que uma erupção pode ser digerida.
Como qualquer outro, um projeto – ou um vulcão – se desenvolve em fases, sendo preciso conhecê-las para, de fato, compreender seus impactos.

FORMAÇÃO DO MAGMA – Debaixo da superfície, rochas são fundidas em altas temperaturas, formando o magma. Gênese, origem, início.
Apresentado pelo Grupo Teatral Caixa Cênica, dirigido por Sidnei Cruz e escrito pela dramaturga Lucianna Mauren, o espetáculo “Vulcão” foi gerado através de fragmentos da memória da atriz Diane Veloso, a responsável pela interpretação da personagem – em todas suas camadas e facetas – que sustenta o solo. Com um desenvolvimento não linear, a peça se origina da necessidade de Diane em transformar a energia de sua história – até então, com um caráter autobiográfico – em uma tradução poética e autônoma – alcançando, assim, um caráter universal.
“Não é a minha história, mas é uma poesia que foi construída em cima de relatos meus. Então, cada vez mais o espetáculo vai ganhando uma autonomia, independente de ser autobiográfico. Ele se torna um organismo vivo”, comenta Diane.
A proposta de explorar as múltiplas faces da atriz exigiu uma direção que tivesse domínio sobre esse processo de entrega. É nesse contexto que Sidnei Cruz surge. Dedicando-se ao teatro há mais de trinta anos, Sidnei é “vivo, vigoroso e verdadeiro em cena”, segundo palavras da própria Diane, trazendo para o espetáculo sua experiência e encarando o desafio como escavar uma montanha, em busca de um minério que é, no final das contas, um espanto cênico, nas palavras do diretor.
Para ele, esse é um espetáculo que só se torna possível através de Diane, sendo impossível sua execução sem ela. “Vulcão não é um monólogo! É, antes de tudo, uma multiplicidade estilhaçada. Desdobramento de personas, de sujeitos híbridos, um relato alegro-trágico de um corpo manifesto em multidão. Não é teatro. Mas, contém teatro, também. Só foi possível realizar a experiência porque é através do físico-espiritual de Diane Veloso, uma artista de corpo e alma imersos num projeto autoral. A experiência é intransferível. Não se repetirá nunca em lugar algum, a não ser nela mesma”, diz.
CHOQUE ENTRE AS PLACAS – As placas tectônicas que formam a superfície terrestre entram em colapso, emergindo e submergindo-se umas sob as outras, movimentando-se e gerando, assim, aberturas na crosta. Execução, desenvolvimento, geração.
O espetáculo é produto de um processo que é, segundo Diane, inventivo. A proposta de inovar e garantir um Teatro Performativo fez com que a atriz e o diretor partissem para experimentações, extraindo delas, a fórmula – ou, melhor, o consenso de inexistência de uma – para que o solo funcionasse segundo as expectativas. As dificuldades para conseguir a organicidade necessária que projetasse em “Vulcão” as ideias de ambos, entretanto, foram muitas.
“Os desafios relativos ao processo de imaginação e construção de uma experiência de Teatro Performativo são muitos. A começar pela escolha de um espaço não convencional. Uma escolha desconfortável, pois a equipe tem que inventar arquitetonicamente tudo. Chão, teto, paredes, iluminação, marcenaria, pintura, porta, banco, limpar, tirar entulho, lavar, remover plantas, exterminar insetos (risos), travar uma batalha insana contra o fenômeno da natureza – a chuva – que impiedosamente desaba sobre nós a qualquer momento do processo, construir uma calha para desviar o volume acumulado de água… Essas tarefas, esses esforços, vão dilatando os músculos, ampliando as percepções, testando as resistências e jogando todos da equipe no processo vertiginoso da criação artística utópica”, conta Sidnei.
Além dos desafios técnicos, o espetáculo também se torna um desafio pessoal para Diane que precisa, diariamente, conciliá-lo com imprevistos de sua rotina. Exigindo da atriz não somente uma forte carga expressiva, “Vulcão” também requer esforço físico. “É bem complexo, é uma preparação em que eu ensaio durante a semana – quando não estou doente”, comenta.
ERUPÇÃO – Após o colapso das placas tectônicas, o magma presente entre a crosta e o manto que se encontra em altas temperaturas e pressão, excede-se, expelindo a lava para fora da terra. Fogo. Destruição. Concretização.
Estreado em 5 de junho, no espaço Intera – Arte e Economia Criativa, “Vulcão” foi apresentado em duas sessões e, finalmente, ganhou vida através da interpretação de Diane Veloso e de uma produção cuidadosa para que tudo funcionasse no momento preciso, da maneira correta. O solo que apresenta diversas nuances e requer uma interação contínua, tanto da atriz com o público, como da mesma com o cenário, conseguiu sintetizar o trabalho exercido por toda a equipe de maneira satisfatória; e vem se tornando, a cada apresentação, mais orgânico.
“Dramaturgia, iluminação, atuação, ambientação cênica, música, indumentária… Braços de uma centopeia angustiante que vai se movendo organicamente por instinto, técnica e malícia. De tal modo que só existe em conjunto, separados se tornam vazios, mortos”, afirma Sidnei acerca do processo de construção do espetáculo.
Se a proposta de ousar e explorar o máximo de elementos inovadores define “Vulcão”, Diane se torna a personificação desse desafio. Expressiva, a atriz fala com os olhos e de maneira direta – enxerga a reação do público com uma precisão cirúrgica. O público, por sua vez, acompanha cuidadosamente todos os movimentos incessantes dela pelo cenário. Enquanto desliza pelo ambiente, cada objeto presente ganha sentido e se comunica com o que vai sendo dito – de forma gritada e silenciosa. Diane está, mais do que nunca, múltipla.
Para as pessoas que estão sentadas em frente a ela, a dor é palpável, a doença que é tão questionada, se torna visível. O inverso da personagem é refletido em um espelho e torna-se nosso. Comemoramos a chegada do carnaval e lamentamos a partida – que se torna, espera – de um grande amor. Pulsamos com a marchinha cantada em meio à avenida lotada, sofremos com a mesma canção sussurrada na ponta do ouvido. Somos, assim, apresentados a uma série de Dianes que se misturam e se completam em uma excelência incontestável, com uma carga poética que comove na mesma proporção em que convence.
Victor Cardozo, presente na estreia, acredita que a entrega de Diane é um dos fatores que determinam o sucesso do espetáculo. “Achei a performance dela impressionante, pela forma como se entrega de um jeito visceral a uma persona que transparece tanto dela mesma. Gostei de como que ela interage com o público de forma tão próxima, quase que exigindo uma resposta emocional imediata de quem assiste”, completa.
Para ele, a concepção punk das intervenções musicais também faz com que o espetáculo se torne uma experiência interessante. Assinando a trilha sonora, Alex Sant’Anna – que, inclusive, acaba de lançar seu novo single "Enquanto Espera" e Leo Airplane conseguem traduzir, através da musica, a excentricidade e personalidade do solo.
Parte fundamental do espetáculo, o público reage a cada instante de maneira particular. O texto, que até então é resultante do histórico pessoal da atriz, torna-se uma experiência compartilhada, permitindo diversas interpretações e visões. Após a apresentação e até mesmo através da página oficial no Facebook, as pessoas fazem questão de dividir suas impressões e contar de que maneira foram impactadas por Vulcão.
“O público é um monstro com milhares de cabeças num corpo unido, provisoriamente, pelo estar-junto, numa sessão e numa sala para a fruição. Não temos (e nem devemos) ter controle algum sobre as percepções do “público”. Temos pistas de como podemos provocá-lo, por meio de pesquisas sobre o contexto, o lugar, a história. O território escolhido para o confronto. Porque é disso que se trata: de um confronto. Uma guerra. Um embate de sentidos entre artistas e espectadores. É desse choque que pode surgir alguma coisa nova”, comenta Sidnei.
Para Diane, tirar uma pessoa de sua casa para assistir ao seu espetáculo é uma responsabilidade enorme, tornando a resposta do público gratificante. “Ter esse retorno está sendo sensacional, porque a gente está vendo que estamos comunicando. A forma que comunica vai depender da própria experiência de quem está assistindo”, diz. “Eu lembro que tiveram algumas apresentações – a penúltima e a última – em que as pessoas cantaram uma música comigo, mas elas não conheciam a música. Então foi um momento muito emocionante”, completa.

É preciso se aproximar para digerir uma erupção e compreender, de fato, quão destrutivo pode ser um vulcão. Presente na primeira fileira, não é fácil se dar conta do risco. Somos pegos de surpresa pela erupção. Sentindo o ar quente embriagar nossos olhos e ouvindo o barulho do estrondo, mas foi só quando a lava finalmente encontra nosso corpo que entendemos, de fato, o espetáculo. Compartilhar essa experiencia, entretanto, seria perda de tempo. Afinal, só quem possui queimaduras pelo corpo reconhece onde a dor se aloja, onde a doença habita. E sabe que é onde se dói que mais se sente.


terça-feira, 15 de março de 2016

Agentes de trânsito podem trabalhar na conciliação
Clara Dias

Mesmo antes da obrigatoriedade da conciliação ou mediação no Novo Código de Processo Civil, o uso desses institutos para resolução de conflitos já era uma tendência defendida por juristas. Ao conciliar e mediar, evita-se a sobrecarga do sistema judiciário, pois não haverá a entrada de uma ação.


Um exemplo da tentativa de melhorar a procura por esses recursos foi o acordo da Prefeitura de Aracaju, junto à Superintendência Municipal de Transportes (SMTT), com o Poder Judiciário do Estado de Sergipe para que os agentes de trânsito possam conciliar atritos nas ruas, como acidentes automobilísticos. Para isso, participaram de cursos preparatórios.

O termo de cooperação que permite esse exercício facilita a resolução de conflitos menores. No entanto, caso esse sistema não funcione, deve-se acionar os órgãos competentes para ajuizar a ação própria.

Estádio Etelvino Mendonça comemora 45 anos de história

O estádio Etelvino Mendonça fez  no último 07 de março, 45 anos de construído. No dia 07/03/1971 diante de um grande jogo: Itabaiana X Grêmio  inaugurava-se o estádio Presidente Médici localizado no centro de Itabaiana/SE, Naquele dia se fazia a maior festa no estado, pois era edificado o primeiro estádio de futebol de campo, considerado uma grande obra do governo federal no estado de Sergipe.

O então presidente da Republica, Emílio Médici, ficaria impossibilitado de viajar ao estado de Sergipe para a inauguração, porém como forma de homenagem, informou que iria mandar seu time do coração, o grêmio de Porto Alegre, para uma partida amistosa em comemoração à inauguração do  magnífico estádio.

O tricolor gaúcho então se fez presente na memorável data, e não veio desmontado para prestigiar a festa junto ao tricolor serrano. No elenco gaúcho, fizeram-se presentes o centroavante Alcindo e o lateral esquerdo Everaldo, tricampeões mundiais pela seleção brasileira no México.

A disputa não foi desanimada não. O tremendão da serra mostrou que não estava para brincadeira e por pouca, não abriu o placar naquela tarde histórica. O time gaúcho também teve chances, porém deixou a desejar nas finalizações, O jogo acabou em zero a zero, digno de uma inauguração e de um jogo decidido por tricolores.

Daquele dia em diante, o estádio tornou-se a casa do tremendão da serra. Nesse estádio, muito foram as vitórias e derrotas, glorias e conquistas da Associação Olímpica de Itabaiana. No atual momento, o governador Jackson Barreto em via de decreto, alterou o nome do estádio para Etelvino Mendonça, pois o seu antigo nome remetia ao presidente da república no regime militar, Emílio Médici, considerado por mais, o mais sangrento daquela época sombria.

Leia também: Itabaiana aproveita a força da torcida e pode ser campeão sergipano.

Kiko Monteiro: a arte sob a timidez

Dayanne Carvalho
Kiko Monteiro em seu quartinho de lembranças (Foto: Dayanne Carvalho)
Quando cheguei à casa de Kiko, o ambiente exalava arte. Acolhido pelas paredes que testemunharam as fases de sua vida, ele assistia ao programa Matador de Passarinho, uma produção que entrevista artistas do passado. Com a mesma intenção do programa, eu estava lá para entrevistar um grande artista que muita gente nem sabe que existe ou não conhece a fundo. Não houve entrevista. O que aconteceu naquela tarde foi muito mágico para caber nessa palavra.
Kiko Monteiro – como prefere ser chamado – é pai, cantor, jornalista, ator, cangaceirólogo e palhaço. É “quase que extremamente tímido”, mas é nas artes que isso se esvai. Filho de músico, ele soltou a voz e deixou sua marca em sete bandas: Imagem Virtual, Atividade, Toque Musical, Revelações, Corações e Mentes, Uns Bossais e Los Guaranis. Iniciou na música cantando em comícios e bailes, mas é no barzinho, lugar onde canta atualmente, que ele se encontrou como cantor.
A carreira na música surgiu em 1996, mas a vida artística de Kiko começou a ser moldada ainda na infância. Diferente das outras crianças, tinha como herói o palhaço de circo. Transformou a ficção em seu primeiro sonho e aos 12 anos começou a concretizá-lo. Numa relação entre ficção, utopia e realidade, o garotinho se tornou seu próprio herói, alcançando o que, geralmente, é inatingível e executando seu próprio sonho. “Vamos ilustrar a conversa”, comenta ele ao me trazer um álbum de fotos da época em que era palhaço. Com roupas e esquetes produzidos por ele mesmo, as apresentações começaram no quintal de sua casa e só aos 17 anos é que ele pôde dar um breve adeus à sua mãe que, de coração partido, o viu sair de casa em 1995. Tendo como principal referência o palhaço chileno Xupetin (Oscar Espínola), ele diz: “Fui experimentar o circo, beber água do circo.”.
Seis meses depois, Kiko deixou o picadeiro, mas continuou atuando como palhaço em festas de aniversário. Foi fazendo a animação de festas com esquetes do circo que o teatro surgiu na vida de Kiko. Ivilmar Gonçalves, um dos seus grandes amigos, o convidou para participar da peça A peleja de Valentim contra a morte pelo amor de Manuela e mesmo sendo resistente a levar o palhaço para o teatro, conseguiu encantar diferentes públicos com seus quatro esquetes incorporados. Kiko se transformava no variado Berimbelo fazendo com que o público e o palhaço se tornassem um só nas noites teatrais. “A gente se transforma, a gente perde toda a timidez.”, diz ele emocionado. O palhaço que fez com que ele hesitasse em se apresentar foi o mesmo que o levou ao cinema. Entre passos pela plateia, ele saiu do circo, entrou no teatro e estourou no cinema fazendo o Douglas no filme A Pelada. “Eu me sinto com muito orgulho de ter um pai tão talentoso.”, diz sua filha, Letícia Monteiro, que ainda completa: “Me sinto uma mini cópia dele.”.
Para ilustrar o encontro entre memória e atualidade, ele trouxe outro elemento para a conversa: um livro sobre o Circo Nerino. Segundo ele, não tem como não chorar porque ele também vê um pouco de sua própria história. “Dá uma saudade retada. Era uma época que eu queria ter vivido.”. Kiko não chorou, mas deixou escapar risos tímidos e olhares brilhantes ao folhear as páginas. “Quando eu vi esse livro, eu falei: ‘caramba! Preciso voltar, preciso voltar.’ Dá saudade de pintar o rosto.”, diz o apaixonado pelo tradicionalismo circense.
Todos os elementos do palhaço de Kiko estão em um baú que fica guardado no que ele chama de “gabinete da memória”. Se a sala pulsava arte, esse pequeno quartinho emanava memórias. Em toda parte havia um pedaço da vida de Kiko, seja ela artística ou não. Havia infância nos brinquedos, adolescência nos LPs e cadernos de poesia, um homem no palhaço e um cangaceirólogo na biblioteca especializada e nas manchetes sobre Lampião que estavam pregadas na parede azul.
Kiko Monteiro caminhou pelo passado, trouxe algumas coisas para o presente e as projetou no futuro. Entre sorrisos tímidos, ele mostrou ser alguém que sente, guarda e convive o tempo todo com os botões das suas memórias. Na fusão entre o som da rua e dos passarinhos, falou e provou que é arte. Numa tarde de sábado, eu vi que a arte não para em Kiko e ele sem ela, não vive.

Afonso Augusto fala sobre a importância da atuação interiorana nas produções culturais do estado

Dayanne Carvalho

Afonso Augusto abrindo uma edição do Sarau da Caixa D'água em Lagarto (Foto: Dayanne Carvalho)

Sempre envolvido no cenário cultural, Afonso Augusto é um cantor de rock alternativo que há dez anos leva a música produzida em Lagarto para a capital e demais cidades sergipanas. Além de cantor, ele é poeta e um dos organizadores do Sarau da Caixa D’água, que acontece sempre no último sábado do mês em Lagarto.
As atividades culturais tiveram início pela poesia quando Afonso tinha 14 anos. Tendo como principal influência o punk, a música surgiu três anos depois e fez com que, ao longo de sua carreira, ele participasse das bandas Aneurysm, Mundo Bizarro e D’arma. Atualmente, no clima aconchegante das noites em barzinhos, o violão é a fiel companhia da voz arrojada de Afonso. Já em shows maiores, ele conta com o apoio de uma banda base composta por Jefferson Almeida na bateria, Alex Matos na guitarra e Thiago Oliveira no baixo. Para o artista, é a partir de um clima agradável enquanto canta e toca que ele tem “sensações inefáveis”.
Nascido em Salvador e residente desde pequeno em Lagarto, Afonso tem sido um dos grandes responsáveis pela movimentação da cena cultural na cidade sergipana. Com a poesia, ele chama o público. Com a música, ele agita.
Atualmente, o estilo folk tem sido sua grande fonte de influência e inspiração. Em janeiro de 2014, ele lançou o EP Instintos que agrega sete faixas autorais. O EP também está disponível na versão física e pode ser comprado na Casa do Artista em Aracaju e na Play Music Store em Lagarto. Ouça as músicas dessa produção e alguns singles do cantor:

Em entrevista, Afonso Augusto fala sobre a realidade do artista interiorano e dos planos para o novo CD.
O que o fez se interessar por escrever poesias e como se deu o processo de transição para a música?
Afonso Augusto – A poesia era uma maneira de abrir mundos. Eram janelas e portas para tardes tediosas. Sentir e não registrar parecia um desperdício de momentos. Isso acontecia quando eu tinha uns 14 anos. Um adolescente roqueiro e fã de Raul Seixas que também queria tocar, cantar e compor. Então, a música entra pra dar uma extensão a versos e pra amenizar a inquietude de um carinha hiperativo. No carnaval de 2003, aos 17 anos, comprei o primeiro violão: um velho Tonante que até hoje está guardado.

Já aconteceu de você escrever uma poesia e, no processo de criação, ela virar uma música?
Afonso Augusto – Sim, isso é bem frequente. É incrível porque alguns versos saltam e se revelam refrões, se revelam estendidos e melhor compreendidos quando cantados. Daí, dou uma direção rítmica aos versos e nasce uma música.

Por ser um artista do interior, você sente dificuldade ao divulgar seu trabalho ou isso está diminuindo com a internet?
Afonso Augusto – De fato, na internet não tem interior. Existe uma propagação bacana e isso se associa a bons contatos que garantem uma divulgação relevante. É preciso também ter um trabalho de qualidade que se imponha e que tenha destaque. Porém, há desvantagens comparadas aos artistas que atuam na capital. Afinal, em sentido geográfico, interior é o que não se vê. Os holofotes do estado estão na capital, então, quem atua no interior aparece menos.

A centralização cultural na capital e a falta de valorização do artista local são fatores que interferem nas produções artísticas que surgem no interior. Como você encara isso? De que forma esse cenário poderia ser modificado?
Afonso Augusto – Eu encaro tentando criar uma cena no interior, estreitando contato com artistas das cidades que envolvem a região centro-sul, fazendo intercambio de shows, etc. O Sarau da Caixa D’água é uma prova. Também mantenho contato com outros músicos, produtores e donos de estabelecimentos da capital. Convido alguns amigos músicos de Aracaju para eventos no interior e, frequentemente, toco em estabelecimentos na capital. Assim, dou minha contribuição para a futura ampliação deste “holofote” que fica na capital para que ele também abranja o interior.
Acredito que este cenário poderia ser modificado com união dos artistas do interior. Afinal já há uma pequena e considerada descentralização da economia e da educação para alguns municípios, daí surgem novos consumidores para cultura local, para a música local. Intercâmbio de bandas e músicos da capital para o interior seria bem vindo também.
Acredito que isso não só fortaleça a cena artística do interior, como também faça aparecer o que de fato seja sergipanidade.

"O Campeão voltou!"

Associação Olímpica de Itabaiana é seríssima candidata ao título do Campeonato sergipano 2016.


Após anos de espera, a associação Olímpica de Itabaiana, maior clube de tradição do interior sergipano, volta a protagonizar no campeonato sergipano e vem mostrando  que tem tudo para levantar a taça desse ano.

Apesar de começar o ano com um time todo remontado, o Itabaiana se destacou na primeira fase do campeonato sergipano, com uma campanha satisfatória e com o time acertando em campo. Na vice liderança, o time intimidou os adversários durante toda a campanha, principalmente quando jogava em casa, no seu estádio Etelvino Mendonça. O tremendão obteve cinco vitórias, dois empates e duas derrotas, chegando assim a 63% de aproveitamento, terminando a primeira fase na vice liderança, atrás somente do Confiança.
Possuindo um público média de  2.232 torcedores, o tricolor serrano mostra que jogar em casa é uma de suas maiores armas. Em quatro jogos em casa, o time ganhou três e empatou uma. Também soube aproveitar que o time do Lagarto realizou seus jogos no Estádio Etelvino Mendonça que comemorou 45 anos e acabou conquistando mais três pontos no que seria "fora de casa".

Outra arma do tremendão é sua defesa, com apenas 6 gols tomados, foi eleita a melhor defesa da primeira fase do campeonato sergipano. Agora o time segue focado na fase hexagonal do torneio. "Se nós formos fazer uma análise fria do que foi desenvolvido nesta primeira etapa, eu penso que o do Itabaiana foi satisfatório. Haja vista que temos a defesa menos vazada até agora, sofremos apenas seis gols, ficamos em segundo lugar com 17 pontos e a equipe conseguiu vencer os dois clássicos. Lógico que houve alguns tropeços de jogos importantes, até mesmo antes de eu chegar, que poderiam até ter condicionado a equipe a buscar o título desta primeira fase. Mesmo porque neste última rodada jogamos fora de casa e em condições ruins no campo do Guarany. De qualquer forma foi positiva a primeira fase, mas temos muito a melhorar ainda. Uma coisa é certa, desde que cheguei a equipe melhorou bastante na organização tática, porém ainda temos muito o que evoluir". Analisou o técnico Leandro Campos.


Com a consolidação da defesa e a chegada de mais jogadores para o elenco, a estrela brilhando do seu jogador fruto da terra, o atancante Hildebrand, o Itabaiana promete dá trabalho aos adversários e ficar firma na briga pelo título estadual, dando respaldo à sua torcida que cantou empolgada nos últimos  jogos: "o campeão voltou!"

Conheça um pouco mais do jogador Hildebrand, o "fidocanso" dos gramados!

Sarau da Caixa D’água: o compartilhamento de sonhos revelando artistas

Dayanne Carvalho

Banda pernambucana Semente de Vulcão na edição Especial de Primavera do Sarau da Caixa D'água (Foto: Dayanne Carvalho).

Surgindo a partir de um sonho, se inspirando no Sarau Debaixo (Aracaju) e se transformando na necessidade de mostrar as produções dos artistas do interior, o Sarau da Caixa D’água toma forma a cada fim de tarde de um sábado no fim do mês. Não só mostra a Sergipe a face cultural do interior, como instiga a interação do seu público e reforça a necessidade de conhecer o que é produzido nas terras lagartenses. É de forma independente, através da aproximação produzida pelo chapéu e do singelo apoio de pessoas que acreditam na força do espaço, que o Sarau vem crescendo e se fortalecendo enquanto atividade cultural da cidade e de todas as pessoas que acompanham. Entre os velhos e novos conhecidos, o Sarau da Caixa D’água mostra que nunca é tarde para acreditar, principalmente, quando se trata do sonho de construir a arte dentro de sua própria cidade.
Afonso Augusto, um dos quatro idealizadores – Thalía Leal, Jaflety Pedro e Alef de Souza – do Sarau da Caixa D’água, já realizava alguns eventos na cidade antes de se pensar nesse novo espaço. Em 2007, ele já havia levado sua música em eventos casuais que realizou na praça da Caixa D’água, local onde é realizado o Sarau. Em junho de 2014, ele uniu feitos antigos ao sonho de criar uma nova cena cultural para Lagarto e, no mês seguinte – junto com os sonhos de seus amigos, fez do Sarau um regador de sonhos das outras pessoas. Para Igor Gonçalves, o Sarau da Caixa D’água foi uma ideia incrível para a tomada do espaço público e, também, porque estimula os jovens a se mobilizarem por algo. “Não importa sua forma de expressão, lá você sempre vai ter espaço para expor”, completa ele.
Ao mesmo tempo em que estão surpresos com a proporção tomada pelo Sarau, os organizadores estão bastante satisfeitos e ainda mais otimistas. Após um ano realizando as edições com as naturais dificuldades, Afonso, Thalía, Alef e Jaflety são uma mistura de análises e não foi apenas o Sarau que veio mudando, mas eles também. Foi na espontaneidade de construir o espaço para o outro que tudo aconteceu, sem metas definidas de início. Cada edição realizada é um passo a mais na caminhada pela expansão cultural produzida pelo Sarau, que não apenas envolve cidades sergipanas, mas também estados vizinhos. “Há uma inclusão social no Sarau e todo mundo já tem um encontro marcado todo mês. Algumas pessoas passam o mês todo esperando esse dia, e a gente fica com orgulho de saber que estamos contribuindo pra o atendimento dessa expectativa artística da juventude, das pessoas em geral.”, comenta o grupo.
Mesmo se inspirando em um espaço cultural com uma proposta semelhante, foi através da união desses quatro amigos com o público que o Sarau da Caixa D’água definiu a sua originalidade. Não apenas em dia e horário, mas em proposta e intensidade no compartilhamento do que se produz. O Sarau surge como uma oportunidade que abraça qualquer tipo de pessoa, qualquer tipo de produção. O espaço fez com que muita gente apagasse da sua vida, aos poucos, a vergonha de aparecer e desse oportunidade à coragem de expor aqueles versinhos poéticos ou musicais que estavam guardados no fundo do baú ou da mente. “Lagarto estava necessitando de algo que mostrasse que seus filhos têm talento, que não é apenas o Festival da Mandioca ou coisa do tipo. Temos atores, poetas, cantores e muitas outras coisas. Tanto aqui como nas regiões vizinhas. Sem contar que é algo que todos podem ter acesso”, destaca o estudante Luandson Silva.
Unindo pessoas de diferentes tribos, o Sarau da Caixa D’água tem despertado alegria, reflexão, inovação cultural e a quebra de padrões etários dentro do interesse artístico, por exemplo. Da criança ao idoso, a importância de se ter um espaço como esse é reconhecida por todos. Numa fusão entre público e organização, a hierarquia se perde e cede espaço à poesia, à mágica, às apresentações circenses e de teatro, e à música. Ao cair da tarde, só existe público e arte. Arte para o público, público entregue à arte.

Delbano, o "fidocanso" dos gramados!

Jovem, itabaianense, conhecido pelos peladeiros da cidade, torcedor ferrenho do tremendão da serra. Assim é o jogador Hildebrando José dos Santos, atacante, que só agora com 29 anos, aparece de maneira destacável no time do seu coração.



"Delbano", assim como é conhecido popularmente na cidade, surpreendeu a todos os torcedores da Associação Olímpica de Itabaiana, nem mesmo os mais otimistas não esperavam que aquele rapaz, jogador de torneios amadores da cidade, iria se destacar tanto nesse início de campeonato
. Pertencente à família de classe baixa, morador da região periférica da cidade, Delbano cresceu jogando nos campinhos da região. Viveu para o futebol, viajou para alguns estados como São Paulo e Bahia mas não teve êxito com as peneiras nas escolinhas.  Com o tempo, perdeu a vontade e o sonho de ser um jogador profissional e levou a vida com o dinheiro que ganhava com os times amadores,  Nunca teve uma oportunidade no time da cidade e quando teve, soube aproveitar.

A torcida estava aguardando ansiosa sua atuação. No mês de janeiro, já na apresentação do elenco do time, a torcida ovacionou a entrada de Hildebrando no espaço de evento. Com o início do campeonato, o jogador não foi relacionado sequer na primeira partida em casa. Porém na segunda rodada contra o amadense, em Tobias Barreto, foi grande a alegria ao saber que seria relacionado pro jogo, e maior ainda quando aos 15 minutos entrava com a camisa 17 no lugar do lateral Zadda, Delbano não demorou e já de inicio, colocou uma bola na trave, animando o torcedor e o enchendo de esperança, e gritando no seu estilo ceboleiro "fidocanso bom!".

Na partida seguinte, contra o Lagarto, Hilderbrando foi abençoado novamente. Entrando aos 45 minutos do primeiro tempo, quando seu time perdia de 1 a 0, conseguiu entrar bem na partida e participou diretamente do gol que virou o placar e matou a partida. A consagração e o gol do atacante estava amadurecendo e não demorou.

Contra o Estanciano em casa, o atacante nato da cidade, demonstrou que sabe fazer gol. Aos 12 minutos iniciais, dominou a bola no peito, driblou o zagueiro e fez um "golaço. Porém acabou recebendo uma pancada forte o que o lesionou no lance, não dando chances para o mesmo comemorar.  Era o que faltava para Delbano se consagrar na torcida Tremendão. "Fiquei feliz com o gol, todo mundo está me apoiando e foi uma emoção imensa ter marcado meu primeiro gol como profissional. Não consegui comemorar porque estava sentindo muita dor, mas estou muito feliz. A ficha não caiu ainda não, chega eu tô me "arrupiando". É muito bom fazer gol. Que Deus me ilumine, estarei sempre preparado para isso. Espero estar recuperado até sábado para poder ajudar o Itabaiana no próximo jogo". Afirmou o atacante do Itabaiana ao repórter da TV Sergipe.