Por Camila Oliveira
Apesar do desafio de gênero que a mulher viveu historicamente quanto a
escolaridade e trabalho, é crescente o número de empresas, trabalhos e cursos
ocupados por mulheres. Em sua maioria, elas optam por profissões relacionadas a estética como cabelo e depilação, que possui toda ligação com o contexto
social que as mulheres vivem desde sua infância, na qual é atribuído atividades
mais leves e brincadeiras que envolvam boneca e maquiagem para as meninas,
e mais pesadas como carrinho e futebol para o menino. Além de trabalhar ou
administrar sua empresa, boa parte das mulheres são donas de casas, tem que
cuidar dos filhos e do marido.
Empreendedoras vs. Trabalhadoras
Dados levantados pelo Dieese para a criação do “Anuário das Mulheres” em
2013 traçam o perfil da mulher no mercado de trabalho em Sergipe. A pesquisa,
feita em parceria com o Sebrae, subdivide a posição da mulher no mercado de
três formas: empreendedoras, autônomas e assalariadas. Além disso traz dados
como nível de escolaridade e rendimento, bem como a busca de crédito para
desenvolvimento do próprio negócio, a taxa de empregabilidade e da
informalidade dentro de microempresas, agrupadas por sexo.
Dentro dos dados levantados pelas entidades, a distribuição dos empregadores
e conta própria por sexo, segundo porte do estabelecimento expõe o contraste
entre os sexos em iniciativas empreendedoras. Em Sergipe, segundo os dados,
80,8% das micro e pequenas empresas são administradas por homens, nove
pontos percentuais acima da faixa nacional apontada pelo relatório, de 71,2%.
As mulheres ocupam, respectivamente, 19,2% e 28,8%. Trabalhadoras por
conta própria também são minoria no Estado, correspondendo a apenas 35,8%
da categoria, um número considerável, principalmente se comparado com a
média nacional, de 31%. Por outro lado, a pesquisa aponta que
empreendedoras têm conseguido um resultado positivo quando trabalha em
sociedade.
Em Sergipe, sociedades comandadas por mulheres ocupam 41,7%
dos empreendimentos catalogados. Homens correspondiam a apenas 35,7%
dos empreendimentos.
Na pesquisa, chama a atenção a faixa etária das mulheres que mais empregam.
A categoria é dominada por mulheres entre os 40 e 64 anos, que correspondem
a 60,6% das empregadoras, já mulheres entre os 18 e 39 anos são 27% deste
percentual. Comparando estes dados com os percentuais de mulheres que
trabalham por conta própria, vemos uma situação mais equilibrada neste campo
entre estas faixas etárias, com 46,2 % e 43,1% para, repectivamente, 40 a 64 e
18 a 39 anos de idade.
Mesmo com todo estes dados, a porcentagem de mulheres que administram
seus negócios e, ao mesmo tempo, dedica-se a trabalhos domésticos é alto.
Cerca de 75% das mulheres com micro e pequenas empresas dedicam-se ao
lar. Entre as trabalhadoras por conta própria, este número é ainda maior,
estando próximo aos 95%.
Bolsa Família e Empreendedorismo
Ainda de acordo com o Anuário das Mulheres, uma parte das mulheres
abordadas no Estudo são beneficiadas pelo programa Bolsa Família. O estudo
apontou que, além de ser um percentual crescente, em 2012, mulheres que
receberam o benefício corresponderam a 16,8% de participação no total de
empreendedores. Em 2011, eram apenas 16,2% e, em 2009, 14,9%.
Mulheres na indústria sergipana
Segundo um levantamento realizado pelo SENAI, o número de mulheres com
vínculo empregatício na indústria também cresceu no Estado. Os dados mais
recentes, datados de 2013, indicam que cerca de 17 mil mulheres estavam
empregadas pela indústria, correspondendo a pouco mais de 19% do total de
empregados no setor. Se comparado com o ano de 2012, houve um crescimento
de 9,4% nas oportunidades no setor.
Além da participação discreta, a escolaridade também é um fator de destaque. Mulheres com ensino médio completo ocupam quase metade dos postos de
trabalho na indústria (cerca de 8.200 vagas), seguidas por profissionais com
ensino médio incompleto, com quase 2 mil vagas ocupadas. Superior completo e
incompleto somam, juntos, cerca de 2500 vagas.
Indústrias do ramo têxtil, do curtimento, do vestuário e das artes gráficas são as
responsáveis por quase das contratações em 2013 (5.101 vagas ocupadas), ⅓
seguidas pelo ramo de escrituário (2.706 postos de trabalho) e serviços (1.836
empregos). Outros setores com um quadro extremamente reduzido de mulheres
passaram por uma explosão de vagas ocupadas entre 2012 e 2013. Empresas
de fabricação e instalação eletrônica, por exemplo, teve um aumento de 647%
nos postos femininos (de 49 para 317 vagas). Vagas destinadas a operadores
de produção, captação, tratamento e distribuição também tiveram um
crescimento de 383%, saindo de 79 para 303 postos ocupados por mulheres.
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