segunda-feira, 14 de março de 2016



Oficina “Mídia e Etnia” aborda desconstrução de estereótipos


A oficina “Mídia e Etnia”, realizada na última quinta-feira, 14, levantou debates sobre problemas raciais e a relação com a mídia brasileira. Ministrada por Laila Oliveira, a oficina contou com exposição de imagens e vídeos relacionados ao tema, abordando não só a exclusão dos negros na mídia, mas também a hipervalorização da sexualidade acometida às mulheres negras, fazendo um apanhado dos contextos históricos e dados quantitativos para discorrer sobre o assunto e analisar as perspectivas de possíveis resoluções para os temas em questão.

Ao problematizar a participação de negros nas novelas e filmes, Laila expõe aos expectadores de que forma os estereótipos negativos podem reforçar o racismo entre os receptores das mensagens, a diminuição dos direitos e a pejoratividade da raça negra, uma vez que a mídia impõe essa suposta inferioridade, apesar da coexistência da pluralidade brasileira.

Confira a história de Ruth de Souza, a primeira atriz negra do Brasil:



Ao ser inquirida sobre o início de seus estudos sobre os temas, a oficineira conta que além de o problema estar associado a sua própria vivência enquanto mulher negra e como ela se vê na sociedade, as militâncias dentro da academia a influenciaram nesse caminho de análises de representações e debates. “Foi muito importante e motivador o In-Comunicações abrir esse espaço para a discussão de mídia e etnia. A comunicação é uma plataforma muito importante nas relações sociais e a academia tá reconhecendo isso”, pondera Laila.

Mão na massa

A ministrante propôs aos participantes da oficina que, após a apresentação de materiais informativos referentes às problemáticas em questão, elaborassem manualmente um material em cartolina, com o intuito de estimulá-los a pensar em uma forma de chamar a atenção de outras pessoas à importância da desconstrução do racismo e da hipersexualização da mulher negra na sociedade e na mídia. Empolgados, os ouvintes se dividiram em grupos e compartilharam ideias para a elaboração do material. Ao final da oficina, os cartazes foram expostos no Centro de Cultura e Arte (Cultart), local do evento. “Eu gosto da mobilização, das causas, das políticas públicas. Escolhi essa oficina por ela ter me chamado a atenção. Essa atividade que fizemos foi muito importante, porque mexeu com nossa consciência, saímos do papel de expectador e passamos a transmitir mensagens”, conta Anderson Madureira, estudante de Audiovisual.

Intercâmbio de experiências

A oficina contou ainda com a participação de Geilson Gomes, colaborador da Revista Rever – configurada como mídia alternativa –  para falar um pouco sobre sua experiência e o papel das mídias não monopolizadas enquanto meios de desconstrução de estereótipos e paradigmas, para os ouvintes. “Geralmente quando se discute a questão do negro, é apenas no dia vinte de novembro, infelizmente. Aí falam do jornalismo e o negro, do teatro e o negro, da TV e o negro, e terem colocado um debate desse, numa semana como essa, é muito importante para os estudantes”, relata Geilson.

Veja o vídeo de Ruth de Souza abordando as problemáticas raciais em entrevista:


Espera

A realidade pode, por vezes, ser mais difícil do que se espera. A luta nunca finda, nunca abranda. A luta é dor. Das dores que nos fazem mais fortes. E enquanto houver força, haverá desconstrução, reconstrução, modificação! 

Com o olhar marejado em alguns momentos delicados, a ministrante levou ao público a vontade de modificar o status quo, de promover debates fora daquele espaço em que se encontravam, de conhecer os pontos que devem ser modificados e como começar a revertê-los, passo a passo, como sempre foi e espera-se que sempre seja.




Por: Caroline Matos

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