Oficina
“Mídia e Etnia” aborda desconstrução de estereótipos
A oficina “Mídia e
Etnia”, realizada na última quinta-feira, 14, levantou debates sobre problemas
raciais e a relação com a mídia brasileira. Ministrada por Laila Oliveira, a
oficina contou com exposição de imagens e vídeos relacionados ao tema,
abordando não só a exclusão dos negros na mídia, mas também a hipervalorização
da sexualidade acometida às mulheres negras, fazendo um apanhado dos contextos
históricos e dados quantitativos para discorrer sobre o assunto e analisar as
perspectivas de possíveis resoluções para os temas em questão.
Entrevista da primeira atriz negra do Brasil:
Ao problematizar a
participação de negros nas novelas e filmes, Laila expõe aos expectadores de
que forma os estereótipos negativos podem reforçar o racismo entre os
receptores das mensagens, a diminuição dos direitos e a pejoratividade da raça
negra, uma vez que a mídia impõe essa suposta inferioridade, apesar da coexistência
da pluralidade brasileira.
Confira a história de
Ruth de Souza, a primeira atriz negra do Brasil:
Ao ser inquirida sobre
o início de seus estudos sobre os temas, a oficineira conta que além de o
problema estar associado a sua própria vivência enquanto mulher negra e como
ela se vê na sociedade, as militâncias dentro da academia a influenciaram nesse
caminho de análises de representações e debates. “Foi muito importante e
motivador o In-Comunicações abrir esse espaço para a discussão de mídia e
etnia. A comunicação é uma plataforma muito importante nas relações sociais e a
academia tá reconhecendo isso”, pondera Laila.
Mão
na massa
A ministrante propôs
aos participantes da oficina que, após a apresentação de materiais informativos
referentes às problemáticas em questão, elaborassem manualmente um material em
cartolina, com o intuito de estimulá-los a pensar em uma forma de chamar a
atenção de outras pessoas à importância da desconstrução do racismo e da hipersexualização
da mulher negra na sociedade e na mídia. Empolgados, os ouvintes se dividiram
em grupos e compartilharam ideias para a elaboração do material. Ao final da
oficina, os cartazes foram expostos no Centro de Cultura e Arte (Cultart),
local do evento.
“Eu gosto da mobilização, das causas, das políticas públicas.
Escolhi essa oficina por ela ter me chamado a atenção. Essa atividade que
fizemos foi muito importante, porque mexeu com nossa consciência, saímos do
papel de espectador e passamos a transmitir mensagens”, conta Anderson
Madureira, estudante de Audiovisual.
Veja mais: "Blackface: representação que não representa" -
Intercâmbio
de experiências
A oficina contou ainda
com a participação de Geilson Gomes, colaborador da Revista Rever – configurada
como mídia alternativa – para falar um
pouco sobre sua experiência e o papel das mídias não monopolizadas enquanto
meios de desconstrução de estereótipos e paradigmas, para os ouvintes.
“Geralmente quando se discute a questão do negro, é apenas no dia vinte de
novembro, infelizmente. Aí falam do jornalismo e o negro, do teatro e o negro,
da TV e o negro, e terem colocado um debate desse, numa semana como essa, é
muito importante para os estudantes”, relata Geilson.
Cena de "Sexo e as Negas",
transmitida pela Rede Globo. A minissérie desagradou feministas e provocou a
reprovação de mulheres que não se sentiram contempladas positivamente com a
tentativa [falha] de representação.
Espera
A realidade pode, por
vezes, ser mais difícil do que se espera. A luta nunca finda, nunca abranda. A
luta é dor. Das dores que nos fazem mais fortes. E enquanto houver força,
haverá desconstrução, reconstrução, modificação!
Com o olhar marejado em
alguns momentos delicados, a ministrante levou ao público a vontade de modificar
o status quo, de promover debates fora daquele espaço em que se encontravam,
de conhecer os pontos que devem ser modificados e como começar a revertê-los,
passo a passo, como sempre foi e espera-se que sempre seja.
Por: Caroline Matos
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