Por Cleilson Lima
O Projeto Despertar nasceu em 2005 e continua até os dias
atuais. O projeto que também trabalha com o xadrez, surgiu para suprir as
necessidades educacionais de crianças carentes do conjunto Fernando Collor, em
Nossa Senhora do Socorro-SE. Um ano após seu início e inserção do xadrez,
alguns dos atletas já estavam disputando os Jogos da Primavera, maior
competição do estado e que garante vaga para os Jogos Escolares Nacionais.
Lucas William Ferreira que tem 20 anos e participa há cerca
de 10 anos do projeto, contou em entrevista a importância do xadrez na vida
dele.
Repórter: Foi o primeiro esporte que praticou
de forma incisiva?
Lucas William: Meu primeiro esporte e paixão. A
paixão de quase todo menino brasileiro é o futebol e a minha também era, mas o
xadrez me deu várias oportunidades e virou meu outro sonho.
R: A escolha pelo xadrez causou algum
tipo de estranheza para a família ou amigos, já que foge dos esportes mais
tradicionais no país?
L.W.: Não. Tive todo o apoio familiar e de
amigos, até mesmo porque o núcleo de amigos que tenho até hoje também jogam. O
que geralmente acontecia era que quando eu falava que jogava xadrez, as pessoas
já diziam: ‘nossa... “Então você é inteligente”. Coisa que não acho que sou,
mas reconheço que o xadrez ajuda e muito no raciocínio, isso não dá para negar.
R: Disse que no seu núcleo de amigos
muitos jogavam, consequentemente eram adversários nas competições. Qual a
sensação de jogar uma partida oficial contra alguém com quem treinava
diariamente?
L.W.: Isso mesmo. Só sabe quem passa. É
uma sensação estranha, porque uma hora você está no grupo de amigos
“resenhando” e quando menos espera, ele se torna adversário. É meio complicado,
pois um sempre está torcendo pelo outro e chega essa hora e temos que nos
enfrentar, podendo tirar o outro da competição, aí fica chato. Mas quando nos
enfrentamos, é como se fossem dois gladiadores em uma batalha no Coliseu,
sempre com muito respeito e independente do resultado final, a amizade
prevalece.
R: É mais “aceitável” perder para alguém
próximo, um amigo de treino, por exemplo, que perder para um desconhecido?
L.W.: Depende do momento, do dia, ou até
mesmo da rivalidade sadia que se tem. Mas, é mais aceitável mesmo, pelo menos, em
minha opinião.
R: Disse que o xadrez te deu oportunidades
e alegrias. Poderia citar algumas delas?
L.W.: Deu-me uma grande oportunidade que
foi a de estudar em uma das grandes escolas particulares de Aracaju e conhecer
novos lugares. E uma das maiores alegrias, foi ganhar os Jogos da Primavera e
poder representar o estado de Sergipe nas Olimpíadas Escolares, competição
nacional.
R: O esporte te ajudou nos estudos?
L.W.: Bastante! Não só na aprendizagem em
virtude da escola que fui como também à concentração.
R: Já praticou outros esportes?
L.W.: Já sim. E ainda pratico.
R: Quais as principais diferenças que
você observa?
L.W.: O xadrez é menos físico e mais
estratégico. É uma batalha, uma luta por posicionamento. Já os outros, como por
exemplo, o futebol, é mais físico, usa estratégia também, mas nem todos colocam
em prática na hora da partida.
R: A partir de sua experiência,
acredita que o esporte tem o poder de transformar a vida das pessoas?
L.W.: Acredito que sim e transformam
bastante!
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