“Lugar de mulher é onde ela quiser.” Não é
difícil encontrar a máxima a decorar as paredes das universidades. Não é para
menos, segundo o Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep),
cerca de 60% dos concluintes do ensino superior é do sexo feminino.
Ainda de acordo com o Inep, em 2012, o
segundo curso mais procurado pelas mulheres foi Administração. Lecionando há
seis anos, Paulo Sérgio Melo dos Santos, professor e coordenador do
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Professor Paulo Sérgio | foto: arquivo pessoal |
Uma prova disso é o crescimento de mulheres
atuantes no mercado. De acordo com uma pesquisa feita
pela Secretaria de Estado do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres,
Igualdade Racial e Direitos Humanos, em parceria com a Codeplan, o Dieese e o
Ministério do Trabalho, entre 2012 e 2015, cerca de 42 mil mulheres entraram no
mercado de trabalho.
Mariana Matos, 20, é uma
delas. No 4° período do curso de Administração, Mariana já é consultora numa
empresa de cosméticos e busca sua independência pessoal e financeira.
Gisele Kessia Gelschleiter,
formada em Administração de Empresas, é co-fundadora e CEO de uma empresa de
tecnologia chamada Sinapse Digital voltada para inovação de processos
burocráticos da sociedade. Criadora do MEMP – Movimento Mulheres Empoderem-se,
ela também é criativa, coach, escotista e blogueira, dentre outras coisas, sua
paixão .
Originária de São Bernardo
do Campo, Gisele afirma que ao chegar a Sergipe, alguns homens tinham dificuldade de aceitar uma liderança
feminina, e que já identificou resistência por parte de algumas mulheres.
“Quando trabalhava na área de Gestão de Risco de grandes multinacionais, em
alguns momentos senti sim diferença no tratamento, mas era raro, talvez por
[eu] sempre ser firme nas minhas posições, por ser uma profissional rara, na
área de risco de crédito e prevenção a fraudes, o que terminou me colocando em
uma condição diferenciada no mercado de trabalho.”, diz Gisele.
Na FAMA, Paulo Sérgio relata que existem
inúmeros eventos que buscam discutir a diversidade, tanto no que tange o papel
da mulher quanto o dos negros e portadores de necessidades especiais no
empreendedorismo. “Eu tenho uma teoria de que a mulher
sempre foi empurrada para o estudo. Enquanto o homem tinha que ir beber, jogar
bola, namorar, a mulher precisava estudar. Hoje não tanto porque as pessoas
fazem suas escolhas de maneira mais consciente, mas eu acredito nisso.”, afirma o professor.
Desde pequena,
Gisele sempre soube o que não queria ser: alcoólatra como seu pai e submissa
como sua mãe. A busca dela por independência a levou a incentivar outras
mulheres a serem donas de suas histórias. Ela afirma ainda que a mulher que se posiciona, que “compra briga” e é
contundente em seu posicionamento geralmente é mal vista.
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A empreendedora Gisele Gelschleiter | foto: arquivo pessoal |
“Uma coisa que aprendi nessa vida é que tudo depende com o que se
compara. Me sinto reconhecida sim se me comparo com outras mulheres, mas se me
comparo com os homens, sei que em vários momentos estou em desvantagem,
principalmente no quesito remuneração, que poderia ser bem melhor.”, diz
Gisele.
Gisele e o marido estão juntos – entre namoro, noivado e casamento – há
25 anos, ele foi o primeiro a incentivá-la em sua luta. Durante algum tempo,
ele que cuidava das filhas deles, hoje com 13 anos de idade, enquanto ela
trabalhava. Em certos momentos, quando menores, as meninas preferiam ser
arrumadas pelo pai. “Eu
morria de ciúmes, mas foi aí que percebi que eu tinha conseguido o que sempre
almejei. A relação homem e mulher deveria ser sempre assim, uma relação de
parceria.”, conclui.
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