Mariana Pimentel
Ao conversar sobre creches
universitárias, logo relacionamos ao benefício que essas instituições
proporcionam aos responsáveis pela criação dos filhos. A grande maioria das
atividades e responsabilidades com a criação e educação dos filhos acaba sendo
relacionada a mãe, que ao longo da história tinha restrição ao ambiente
doméstico enquanto o “chefe da família” trabalhava para sustentar
financeiramente a casa. Desse modo o cansaço atribuído ao trabalho externo é
usado como justificativa para que a mulher seja a responsável pelos cuidados
com a casa e os filhos, sendo estas tarefas sempre relacionadas ao conforto e
tranquilidade.
O tempo passou e muitas mulheres
começaram a decidir que a casa e a maternidade não são limites para subir novos
degraus, obtendo realizações pessoais e profissionais. Mesmo assim, a sociedade
ainda enfrenta com dificuldade e resistência a quebra dos valores tradicionais
de família e obrigações maternas. E ainda é a mulher que precisa de
alternativas que minimizem tais situações que exijam a escolha entre ser mãe ou
estudante e exercer uma profissão, por exemplo.
A Creche vem como um espaço muito
importante na distribuição do fardo que a sociedade entrega às mães, sendo
parte responsável pelo cuidado e educação das crianças. Mas a creche desempenha
apenas essa função? O estudante de pedagogia Matheus Pacheco faz algumas
reflexões sobre os demais benefícios que uma creche pode desempenhar na
Universidade. Matheus é militante no movimento estudantil e integrou o grupo de
ocupou a reitoria da UFS em fevereiro de 2016. Uma das conquistas do grupo foi
o comprometimento da reitoria na discussão da implantação de uma creche e a
ampliação do Colégio de Aplicação (CODAP).
R: O Curso de pedagogia está muito desarticulado,
eu fui o único estudante a dormir na Ocupação da Reitoria. A atual gestão do
Diretório Acadêmico Livre de Pedagogia (DALEPE) não faz reunião desde maio do
ano passado, e alguns estudantes passaram na ocupação pra dar apoio mas de
forma muito desarticulada. Duas
professoras do Departamento de Educação (DED) também foram prestar
solidariedade na Ocupação.
O Movimento Estudantil, a meu ver, vem cada vez
mais ficando com um caráter assistencialista. O discurso tem avançado, mas a
prática é muito assistencialista. Só temos mobilização em volta de bolsas ou
algo do tipo, outras pautas são deixadas de lado. Lembro que quando toquei no
assunto da creche pela primeira vez na ocupação as pessoas logo associaram ao
movimento de mulheres, pois a creche irá atender principalmente as mulheres,
que de fato é quem cuida dos filhos na maioria das vezes. Mas, por exemplo, não
é falado nos direitos das crianças ou do uso da autonomia universitária para
estender política publicas a quem sempre foi renegada. Lembro que a creche não
foi a única vitória, também conseguimos pautar a ampliação do CODAP para as
séries iniciais (1º ao 5º ano)
Uma das pautas para a desocupação da reitoria foi o termo de comprometimento para a criação de uma creche na UFS. O termo foi assinado pelo reitor e representantes da ocupação e de entidades estudantis e sindicais. Como o movimento estudantil dará continuidade a essa cobrança?
R: Depois
da ocupação temos reunido semanalmente com a reitoria. Os ofícios já foram
mandados paras entidades e estamos esperando o retorno para começar os
trabalhos. Como vamos ter eleição para reitoria esse ano, duvido muito que
reitor descumpra o acordo, mas caso isso aconteça nós acampamos na reitoria de novo.
Sobre o 1º Parágrafo presente no Artigo
7º presente no Decreto 977/93, que diz:
“1º Fica
vedada a criação de novas creches, maternais ou jardins de infância como
unidades integrantes da estrutura organizacional do órgão ou entidade, podendo
ser mantidas as já existentes, desde que atendam aos padrões exigidos a custos
compatíveis com os do mercado.”
Muitas
instituições e empresas ainda se armam deste decreto como desculpa para se
isentar da responsabilidade, pagando uma quantia injusta referente a auxílio
creche. A Reitoria da UFS também se arma deste argumento? Se sim, como o
movimento pode e deve combater tais posicionamentos?
R: A
UFS nunca se armou desse argumento ate agora, eles usaram um leitura das Leis e
Diretrizes de Base para a Educação Nacional (LDB) para afirmar que creche é de
responsabilidade do município, ignorando varias outras universidades federais que
possuem creche. Qualquer um que leia a LDB vai entender que responsabilidade é
diferente de exclusividade, mas acredito que a reitoria age de má fé nesse
sentido.
O curso de pedagogia já discute um
planejamento de atuação com atividades em pesquisa e extensão?
R:O
DED faz reunião de 15 em 15 dias. Meus professores, em sua grande maioria, são
conservadores e duvido que saiam algumas discussões. Mas como vamos discutir
reformular o currículo, acredito que vamos esbarrar nessas questões.
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