terça-feira, 15 de março de 2016

Blackface: onde a representação não representa


Blackface: onde a representação não representa




A exclusão como produto do preconceito racial existente, historicamente, tem influenciado a sociedade de maneira mais do que negativa e injusta, como vemos em todas as esferas possíveis. Nas escolas, no teatro, no trabalho, dentro do ônibus ou no barzinho da esquina, xs negrxs sofrem com a violência moral e/ou verbal, por vezes transformada em física, dependendo do teor de estupidez presente no âmago dx agressxr.

Tomando como exemplo para iniciarmos uma breve reflexão sobre a problemática posta em questão, temos o teatro e seu [repugnante] recurso fortemente explorado ao longo do tempo: o Blackface. Vale ressaltar que o objetivo original do blackface era não apenas a ridicularização da pessoa negra através de uma caricatura exagerada e depreciativa, mas também o de impossibilitar que os indivíduos negros fossem capazes de representarem a si mesmos.

Com esse recurso “artístico”, atores e atrizes brancxs pintam a própria pele com um tipo de tinta preta/marrom, a fim de interpretarem personagens originalmente negrxs. Tal ação é vista com naturalidade aos olhos da grande maioria da população, pois as pessoas aparentam, por vezes, não cogitar a possibilidade de artistas negrxs [de verdade] ocuparem os palcos e possuírem espaços em que a pluralidade racial deveria predominar, ao invés de serem mantidos cada vez mais distantes disso.

Observamos problemática parecida na TV aberta , quando ocorreu a polêmica gerada pelo personagem Africano, interpretado pelo humorista Eduardo Sterblitch, no programa Pânico na Band. O perfil do personagem foi retratado como o de alguém que “recebe entidades”, que não sabia se comunicar de forma civilizada e era tratado como um homem primitivo. A intensa rejeição fez o ator se desculpar publicamente e se afastar do programa, alegando ter ficado deprimido com o episódio ocorrido.



Contudo, portando o mínimo de pensamento crítico e bom senso, podemos chegar a conclusões sensatas e corretas sobre o tema em questão. Xs negrxs não precisam de homenagens racistas, de homens e mulheres que encham a boca para dizer que estão representando alguém de outra raça, ainda mais se tratando da raça negra. Negrxs são força, garra, resistência. De forma alguma uma pessoa branca, ou seja lá qual for a raça, irá conseguir interpretar e entender o que é ser negrx e quais são os pesos históricos carregados por elxs há tanto tempo, com os mesmos ombros.

Que a desconstrução dessas naturalidades errôneas seja uma constante em todos os viés sociais, seja onde for. Assim, quem sabe poderemos nos livrar ou amenizar os problemas raciais culturalmente fortificados e voltaremos acreditar no bom senso da sociedade de um modo geral.




Por: Caroline Matos

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