Blackface:
onde a representação não representa
A exclusão como produto do preconceito racial
existente, historicamente, tem influenciado a sociedade de maneira mais do que
negativa e injusta, como vemos em todas as esferas possíveis. Nas escolas, no
teatro, no trabalho, dentro do ônibus ou no barzinho da esquina, xs negrxs
sofrem com a violência moral e/ou verbal, por vezes transformada em física, dependendo
do teor de estupidez presente no âmago dx agressxr.
Tomando como exemplo para iniciarmos uma breve
reflexão sobre a problemática posta em questão, temos o teatro e seu
[repugnante] recurso fortemente explorado ao longo do tempo: o Blackface. Vale ressaltar
que o objetivo original do blackface era não apenas a ridicularização da pessoa
negra através de uma caricatura exagerada e depreciativa, mas também o de
impossibilitar que os indivíduos negros fossem capazes de representarem a si
mesmos.
Com esse recurso “artístico”, atores e atrizes
brancxs pintam a própria pele com um tipo de tinta preta/marrom, a fim de
interpretarem personagens originalmente negrxs. Tal ação é vista com naturalidade
aos olhos da grande maioria da população, pois as pessoas aparentam, por vezes,
não cogitar a possibilidade de artistas negrxs [de verdade] ocuparem os palcos
e possuírem espaços em que a pluralidade racial deveria predominar, ao invés de
serem mantidos cada vez mais distantes disso.
Observamos problemática parecida na TV aberta ,
quando ocorreu a polêmica gerada pelo personagem Africano, interpretado pelo
humorista Eduardo Sterblitch, no programa Pânico na Band. O perfil do personagem
foi retratado como o de alguém que “recebe entidades”, que não sabia se
comunicar de forma civilizada e era tratado como um homem primitivo. A intensa
rejeição fez o ator se desculpar publicamente e se afastar do programa, alegando
ter ficado deprimido com o episódio ocorrido.
Contudo, portando o mínimo de pensamento crítico e
bom senso, podemos chegar a conclusões sensatas e corretas sobre o tema em
questão. Xs negrxs não precisam de homenagens racistas, de homens e mulheres
que encham a boca para dizer que estão representando alguém de outra raça, ainda
mais se tratando da raça negra. Negrxs são força, garra, resistência. De forma
alguma uma pessoa branca, ou seja lá qual for a raça, irá conseguir interpretar
e entender o que é ser negrx e quais são os pesos históricos carregados por
elxs há tanto tempo, com os mesmos ombros.
Que a desconstrução dessas naturalidades errôneas
seja uma constante em todos os viés sociais, seja onde for. Assim, quem sabe
poderemos nos livrar ou amenizar os problemas raciais culturalmente fortificados
e voltaremos acreditar no bom senso da sociedade de um modo geral.
Por: Caroline Matos
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