segunda-feira, 14 de março de 2016

Mães não encontram vagas em creche no bairro Rosa Elze.



O bairro conta com apenas uma creche pública. Quem pode pagar também não encontra muitas opções.

Mariana Pimentel  

O bairro Rosa Elze abriga desde a década de 1980 o Campus Sede da Universidade Federal de Sergipe (UFS), nomeado de Cidade Universitária Prof. José Aloísio de Campos. Desde então, o número de mulheres estudantes nas universidades vem aumentando à nível mundial, e isso reflete na realidade da UFS. Muitas delas são mães que precisam conciliar os estudos e a maternidade. O mesmo acontece com as servidoras que atuam na universidade e não possuem alternativas para o cuidado dos filhos. A ausência de uma creche que atenda a demanda deste público ainda é decisiva no futuro de jovens e trabalhadoras da região.
No município de São Cristovão existem 3 creches e apenas 1 delas se encontra no Rosa Elze, a Creche Maria de Lourdes, sendo responsável por todos os conjuntos habitacionais do bairro. 

CRECHE PÚBLICA:

A Creche Municipal Maria de Lourdes foi criada em 1992, mas foi a partir de 2015 que algumas reformas estruturais deram melhores condições de saúde e higiene ao local. Jeane Marquise, gestora da instituição desde 2011, disse que foram feitos revestimentos com pisos e azulejos, pois antes disso o chão era apenas de cimento.
   Colégio da região realiza oficina na Creche Maria de Lourdes. Foto: Mariana Pimentel



O espaço da creche possui capacidade para 50 crianças, mas o número de funcionários só consegue dar conta de 25. Por ano, apenas cerca de 10 vagas são liberadas, pois a partir dos 3 anos de idade as crianças passam a estudar em outras escolas e antes disso as matrículas são renovadas na própria creche. Jeane afirma que as crianças tomavam banho com água fria armazenada há dias em caixas d'água. Apenas para os bebês menores a água era esquentada.
A creche também não tinha brinquedos para oferecer as crianças. Jeane informou que alunos do curso de administração da UFS arrecadaram brinquedos, fraldas e material escolar para doação à creche. "A verba que recebemos para garantir produtos de limpeza e manutenção de material escolar não chega nem ao valor de R$2000, 00 divididos em duas parcelas semestrais. Quem faz o repasse é o Governo Federal e não é garantia que essa verba chegue aqui, muitas vezes vem só uma vez ao ano", relata a gestora ao dizer que ela e as demais funcionárias tiram parte dos salários para ajudar a pagar as despesas.


PARA OS QUE PODEM PAGAR PELO SERVIÇO

Ao analisar as instituições privadas de ensino, as opções de hoteizinhos também não são muitas e a variedade surgiu há cerca de 3 anos. Um dos exemplos é a Escola Magia do ABC, que existe há cinco anos, mas há três se encontra no prédio atual  e tem capacidade para alunos até o Ensino Fundamental. Erisangela de Jesus Santos, professora de matemática e proprietária do local, diz que a construção do prédio foi pensada para agregar o hotelzinho e as séries iniciais de ensino, mantendo assim os alunos presentes por mais tempo. "No início, quando atendíamos em outro espaço, eram cerca de 12 crianças mas foi crescendo e veio a necessidade e a vontade de construir algo maior".
A mensalidade para crianças até os 2 anos (pois a partir dessa idade elas já passam para a sala de estudos e o valor diminui), é de R$200,00 por turno. Das opções disponíveis no bairro, esta é a única que se encaixa no valor do auxílio creche disponibilizado para algumas mães pela Pró Reitoria de Assuntos Estudantis (PROEST) da UFS.
Joselaine Carvalho, doutoranda em química na UFS, ficou grávida no início do mestrado e após 3 meses de licença-maternidade precisava voltar para a rotina acadêmica. Ela conta que ficou sabendo de uma estudante de letras chamada Suely, que para completar a renda, aceitava cuidar de crianças em sua própria casa. E assim foi por cerca de 7 meses, quando Suely desistiu do negócio, deixando Joselaine sem nenhuma opção para os cuidados de seu filho. Por sorte ela acabou descobrindo a existência da Escola Magia do ABC, onde Lucas estuda há quase 2 anos. "Na época, não havia mais nenhuma alternativa na região" afirma Joselaine ao relembrar a dificuldade para encontrar uma instituição. 

Saiba mais sobre o tema: 

    

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