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A banda lagartense Estúdio Box & Azulejo se apresentando no Sarau da Caixa D'água (Foto: Dayanne Carvalho) |
Sempre envolvida em manifestações
culturais históricas como as danças dos parafusos e das taieiras, Lagarto
possui um amplo leque cultural. Especialmente, no cenário contemporâneo. Nos
últimos anos, a cidade continua se classificando em excelentes posições nos
concursos de poesia, tem se destacado no teatro, na música e, inclusive, no
cinema. Nesta última categoria, Lagarto aparece em âmbito nacional e
internacional – Bélgica – através do ator Kiko Monteiro, 36, no longa “A
Pelada” do diretor Damien Chemin. No filme de teor cômico, Kiko atua como
coadjuvante interpretando Douglas, o chefe de Caio, protagonista do longa.
“Afirmo com convicção que nunca sonhei em fazer parte de um filme amador quiçá
de uma produção do quilate de “A Pelada”. Mas o Douglas caiu em meus braços.
Damien me deu de presente um coadjuvante”, relata Kiko.
Embora a cidade tenha recebido esse
vislumbre por meio de Kiko, a maior parte das manifestações culturais estão
acontecendo através de produções juvenis as quais estão rendendo conquistas à
cidade. Os jovens estão dando um upgrade cultural em Lagarto através de
movimentações sagazes no teatro, na poesia e na música.
Segundo o professor e membro da Academia
Lagartense de Letras (ALL), Anselmo Vital, esse movimento ainda não acontece
com a abrangência que professores e a sociedade em geral espera, mas já há
motivo suficiente para andar feliz. Para ele, a principal razão para esse
interesse por parte dos jovens em se mobilizarem culturalmente se deve à
influência do boom tecnológico. Todo esse avanço, segundo ele, concorre para
que o menino saia da caverna, para que o jovem saia do seu invólucro e ganhe
coragem para conquistar outras fronteiras.
Em relação às contribuições educacionais
que essas mobilizações trazem para a cidade, ele destaca: “Cada vez mais
estreitar esse caminho muitas vezes íngreme, tortuoso, pedregoso que dificulta
a gente mostrar a importância que existe na arte para o desenvolvimento do ser
humano. Essas manifestações, juntas ou separadas, amenizam esse trabalho de
mostrar que pela arte nós podemos ser melhores”.
Apesar disso, os jovens e demais
colaboradores desse momento de glória não têm tido o apoio adequado. Segundo
Danilo Duarte, músico local, os eventos culturais não existem pela prefeitura,
mas partem quase sempre de iniciativas pessoais. Embora a maioria deles prefira
expor sua arte de forma independente, eles acreditam que a prefeitura e demais
instituições não se empenham em promover e incentivar mobilizações culturais na
cidade. Anselmo acredita que essa ausência de incentivo está ligada à inflamação
cultural que os administradores, de um modo geral, têm. Para ele,
lamentavelmente, Lagarto é uma cidade em que quem chega ao executivo ou
legislativo, geralmente, tem pouca afeição com a arte.
Para explicar a situação, a Diretora de
Arte e Cultura da Secretaria Municipal da Cultura, da Juventude e do Esporte –
SECJESP, Angélica Amorim, destaca que há certa dificuldade em relação ao apoio
financeiro, já que ainda não existe no município uma política de cultura
aprovada que torne possível o incentivo de forma direta. Ainda assim, segundo
ela, a Prefeitura contribui com passagens para os jovens que vão representar a
cidade em outros lugares e, recentemente, reativou o Concurso Municipal de
Poesia Falada que tem como prêmio uma quantia em dinheiro. Para Angélica, outro
fator que pode ocasionar nessa sensação de falta de incentivo é a busca. “Até
agora, as pessoas que me procuraram foram atendidas, mas se a pessoa não me
procura, eu não tenho como saber nem como ir atrás”, relata ela.
Atualmente, o Sarau da Caixa D´água e o
Som na Praça, ambos parcialmente organizados por Afonso Augusto, têm atuado na
ocupação de espaços públicos com o intuito de proporcionar visibilidade às
produções independentes e autorais sergipanas. É a partir desses espaços que as
produções locais passam a atuar em um movimento contracultural em Sergipe
confrontando a noção maior de cultura oferecida pelas instituições estaduais e
municipais.
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