Mariana Pimentel
São 7 horas da manhã. Ponho Miguel, meu filho de 1 ano e 8
meses, em seu sling (um tecido de amarração que simula uma bolsa de canguru) e
sigo para o ponto de ônibus. Cheio de gente. Nessa hora do dia o fluxo é
grande, não demora muito para passar ônibus. Mas todos estão lotados. Tento
olhar entre as pessoas que estão de pé se os assentos estão ocupados, e estão.
Todos os espaços possíveis estão. Entre os vários ônibus que passam acabo vendo
que nem sempre essas cadeiras reservadas estão ocupadas por pessoas que se
enquadram nos casos previstos em lei. Idosos estão de pé, enquanto jovens
seguem o caminho bastante interessados na paisagem da janela. É a cegueira
seletiva. O amanhã ignorado.
Dou sinal, subo no ônibus e pergunto ao motorista se tem
vaga pra mim. É um pedido de ajuda. Ele entende e me responde enquanto aponta
os olhos aos que não tem prioridade em ocupar as cadeiras que antecedem a
catraca. Uma senhora com seus 40 anos se levanta e passa para o outro lado do
ônibus, enquanto duas moças continuavam sentadas, conversando tranquilamente. E
olha quem nem deu sono nesses passageiros, como por várias vezes presenciei,
quando um idoso ou uma mãe e suas crianças dão sinal para o motorista. Certa
vez uma menininha “acordou” um passageiro, pois até ela já sabia o que é ser
ignorada, desrespeitada.
Parece até que precisamos
escolher entre a maternidade e a vida social/profissional/acadêmica. Não
precisa ser assim. A gente não morre quando se torna mãe.
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