Apartidarismo,
crise representativa, conquistas absolutamente populares e os novos movimentos
inseridos neste contexto
Por: Guilherme Almeida
Junho de 2013: O Brasil
viveu um grande momento de sua história com o que ficou conhecido como “jornadas de junho”. Milhares de pessoas saíram às ruas
inicialmente para contestar o aumento nas tarifas de transporte público, mas
com o passar do tempo outros milhões indignados com a corrupção, com serviços
públicos de má qualidade e exigindo reforma política juntaram-se aos demais e
tomaram as ruas do país. O que teve de particular nessa manifestação foi o fato
de não ter sido convocada por instituições representativas tradicionais, como
partidos, sindicatos e grêmios. Seguindo o mesmo desfecho da greve de 1917,também
garantiu algumas conquistas, tais como: redução da tarifa de ônibus em 17
cidades; aprovação de 75% dos royalties e 50% do Fundo social para a educação;
aprovação por parte do Senado de um projeto que torna a corrupção crime
hediondo.
Devemos fazer uma
relação entre esses dois acontecimentos? Segundo Caio Amado, professor de
sociologia da Universidade Federal de Sergipe, não se deve necessariamente
fazer uma comparação entre os dois movimentos citados acima, pois “há sempre
mudanças e os problemas sociais são diferentes”. Além disso, existem
características próprias. Também afirma que em 2013 houve muita fragilidade e
em certo momento, a direita soube aproveitar-se disso, pois havia uma crise
representativa em relação a todos os partidos de esquerda. Ele também avalia
que as manifestações tenham sido uma resposta à crise de 2008 somada à
globalização, o que a tornou muito mais complexa do que a de 1929, e que o
mundo ainda não foi capaz de superar este último turbilhão. “A crise não é
produto dos movimentos e sim o contrário”.
Cada vez mais os movimentos,
coletivos e agrupamentos em geral, surgem declarando-se apartidários,
horizontais, adeptos da autogestão. Se eles procuram desvencilhar-se cada vez
mais de rótulos antigos, será que é possível defini-los? Ou melhor. Devemos
classificá-los de alguma forma?
Indagado ainda sobre
alguns movimentos que vem emergindo e responsáveis por liderar alguns protestos
atualmente - entre eles o Não Pago (confira aqui uma entrevista pingue-pongue com um dos integrantes do movimento)– o professor prefere não rotulá-los e
apesar de enxergar traços autonomistas, prefere defini-los como algo novo.
“Como a única experiência não capitalista fracassou, é necessário surgir uma
coisa nova. Agora o quê será essa coisa? Isso é impossível de ser respondido.
Vamos ver”.
Leia mais:Por dentro do movimento punk
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